Moradores que transitam entre Ibiaí e Buritizeiro promovem manifestação pedindo a volta da balsa que faz a travessia do Rio São Francisco naquele trecho. Interditada pela Marinha desde outubro de 2021, a balsa tem capacidade para uma carreta carregada e dez a 12 veículos de passeio a cada travessia, suportando um peso de 102 toneladas.
Munidos de faixas e cartazes com pedido de socorro, ribeirinhos, trabalhadores rurais, caminhoneiros e outros, na maioria residentes na zona rural de Buritizeiro, alegam que estariam impedidos de exercer as atividades e para minimizar o prejuízo muitos se arriscam em pequenas embarcações.
Os moradores dizem que precisam do meio de transporte em todos os sentidos, tanto para o comércio como para a saúde, e que a travessia em barcos pequenos não é segura.
Edcarlos Neres, gerente de uma propriedade rural e líder da manifestação, afirmou a O NORTE que entende como omissão do município de Ibiaí a situação pela qual estão passando.
“Até caixão está sendo transportado em barco pequeno. Não apenas eu, mas toda uma região está impactada com a falta da balsa. São meses de paralisação”, diz Edcarlos, explicando que um deslocamento de trecho com aproximadamente 20 km, sem a balsa, chega a 200 km por estrada de terra. “São cerca de 700 famílias prejudicadas. Geograficamente estamos a 100 km de Buritizeiro e a 20 km de Ibiaí, então tudo que precisamos é resolvido na cidade. Estou indo hoje à Promotoria de Coração de Jesus, que atende a nossa cidade, para protocolar um documento pedindo agilidade”, complementa.
A reportagem entrou em contato com a prefeita de Ibiaí, Sandra Fonseca e, de acordo com ela, desde quando houve a interdição o município está buscando uma solução, entretanto, esbarra em burocracia. Mesmo com o alto custo operacional que envolve combustível e emprego de oito profissionais na atividade, reuniões periódicas entre município e o órgão fiscalizador estariam acontecendo a fim de se chegar a uma rápida solução.
“A balsa precisa ser reparada e o orçamento para que atenda as exigências da Marinha ficou em torno de R$ 200 mil. Encontramos uma empresa que fez o ultra-som da balsa e empenhamos R$ 16 mil só nesse diagnóstico. Foi reprovado o casco (piso superior) e ela não tem condições de circular pois do jeito que está, oferece riscos à população. A Marinha se comprometeu a autorizar a operação da balsa com carga reduzida a 50% da capacidade, assim que o município conseguir fazer o reparo do meio da embarcação para a frente”, explicou a prefeita.
“Entendemos o anseio das pessoas, mas a solução exige tempo. Estamos fazendo de tudo para que seja solucionado o mais rápido possível. A primeira licitação foi deserta e uma segunda licitação está marcada para o próximo dia 8 de abril”, disse.
Questionada sobre a possível razão da ausência de interessados no serviço, Sandra pontuou que supõe como motivo a preferência das empresas do setor em atender demandas em larga escala.
“No caso da embarcação, é uma quantidade menor de material e entendo que por isso haja uma falta de interesse, mas estamos empenhados em resolver”.
A reportagem entrou em contato com a Marinha, mas até o fechamento da edição não houve retorno.