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Sábado,5 de Julho

Águas Vermelhas lidera devastação

SOS Mata Atlântica revela que município norte-mineiro é o que mais desmata remanescentes do bioma no país

Raul Mariano
Publicado em 28/05/2019 às 12:27.Atualizado em 05/09/2021 às 18:51.

Depois de quatro anos registrando quedas nos índices de desmatamento da Mata Atlântica, Minas voltou a assinalar devastação do bioma. Nada menos que 3.379 hectares de área da Mata Atlântica deixaram de existir no Estado em 2017 e 2018, o equivalente a mais de 3 mil campos de futebol. O índice representa avanço de 8% em relação ao período anterior (2016-2017).

Os números são do Atlas da Mata Atlântica. Desde 2015, quando quase 8 mil hectares foram extintos, Minas vinha reduzindo gradualmente o nível de destruição. Hoje, porém, o território voltou com folga ao topo do ranking nacional e degrada 60% a mais do que o Piauí, segundo colocado na lista. E, segundo o aplicativo “Aqui tem Mata?”, mantido pela entidade para monitorar a existência de áreas remanescentes no Brasil, o município de Águas Vermelhas, no Norte de Minas, lidera a devastação no país, com cerca de 361 hectares destruídos até 2017.

Seis dos dez municípios que mais devastaram o bioma em 2015 no Brasil estão em Minas. Curral de Dentro, também no Norte do Estado, emplaca a quarta posição no ranking nacional, aponta o levantamento do Instituto SOS Mata Atlântica. 

Diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani avalia que as estatísticas refletem falhas nas ações de controle que eram feitas nos anos anteriores.

Ele afirma que a região do Jequitinhonha continua sendo uma das mais problemáticas do Estado. Lá, segundo o ambientalista, há muitos anos a produção de carvão para uso na siderurgia desmata centenas de hectares. 

Não por acaso, o município de Jequitinhonha é o líder em desmatamento no território mineiro de mesmo nome, segundo informações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad). “Os números nacionais tiveram uma baixa muito forte, o que ressaltou o problema em Minas, que já teve 47% do território coberto por Mata Atlântica e hoje são apenas 10%”, diz Mantovani. 
 
TRANSPARÊNCIA 

Para a superintendente-executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, a expansão urbana, a agropecuária e a mineração podem ser os principais motivos para que o Estado esteja novamente devastando mais o bioma. 

Segundo ela, além da derrubada clandestina de árvores, a supressão autorizada pode ser problemática, se não for acompanhada pela sociedade. “Infelizmente, não há mais acesso aos dados de autorizações, com raras exceções. É até difícil acreditar que o motivo seja o carvão. Se for, é uma evidência de fiscalização deficiente”, avalia. 

A preocupação das entidades mineiras de proteção do meio ambiente, explica Maria Dalce, é construir um plano de proteção de biomas que reforce a importância da Mata Atlântica como patrimônio natural. 

“É uma desonra voltar ao primeiro lugar do país no ranking de desmatamento, sobretudo quando a maioria dos estados segue na direção contrária”, lamenta. 

De acordo com a Semad, a legislação estadual de proteção à biodiversidade determinou que o uso de carvão de origem nativa pelas siderúrgicas não pode ultrapassar 5% do consumo anual do produto.

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