Acidentes na BR-251 aumentam e obras se tornam urgentes

Acidente na madrugada de ontem vitimou uma pessoa, deixou 13 feridas e fechou o trânsito na rodovia

Márcia Vieira
14/05/2022 às 00:22.
Atualizado em 14/05/2022 às 13:26
Acidente na madrugada de ontem vitimou uma pessoa, deixou 13 feridas e fechou o trânsito na rodovia (MANOEL FREITAS)

Acidente na madrugada de ontem vitimou uma pessoa, deixou 13 feridas e fechou o trânsito na rodovia (MANOEL FREITAS)

Chamada pelos norte-mineiros de “Rodovia da Morte”, a BR-251 tem sido palco de mais acidentes neste ano. Em apenas quatro meses, a estrada que liga Montes Claros à BR-116 (Rio-Bahia) já registrou 60% do total de ocorrências anotadas em todo o ano passado.

Segundo dados do Samu, foram feitos 190 atendimentos de vítimas na rodovia de janeiro a abril deste ano – em todo 2021 foram 315. A média diária é de 1,58 acidente, quase o dobro da média de 2021 – 0,86.

Os dados são mais um alerta da necessidade de intervenções, como duplicação, na rodovia – uma demanda antiga do povo do Norte de Minas. E enquanto O NORTE preparava esse material sobre a BR-251, ela foi palco de mais um grave acidente na madrugada desta sexta-feira. 

Uma pessoa morreu e 13 ficaram feridas na batida entre três veículos em Francisco Sá. Um caminhão e uma carreta colidiram de frente e, logo em seguida, uma van, que transportava 16 pessoas, bateu na traseira da carreta.

Seis unidades do Samu de Francisco Sá, Montes Claros e Capitão Enéas foram acionadas para socorrer as vítimas. Devido ao impacto, o condutor do caminhão não resistiu aos ferimentos e faleceu no local.
 
ALERTA 
Coordenador do Samu, Ubiratan Lopes afirma que a média diária de acidentes registrada neste ano implica em danos severos para as famílias dos que trafegam no local. Vidas são perdidas ou gravemente impactadas por causa das tragédias. 

Para o capitão Daniel Josias, do Corpo de Bombeiros, a atenção com as condições da rodovia é uma medida de prevenção e pode trazer ganhos imensuráveis para a região. “O Estado brasileiro gastava, há alguns anos, R$ 60 bilhões com acidentes de trânsito. Se pegarmos R$ 10 milhões e investirmos na prevenção, o Estado não iria gastar mais a médio e longo prazos esse valor. Sem contar a diminuição do dano social e vidas que seriam poupadas”, afirma.

A BR-251 chegou a receber recapeamento a partir de um movimento liderado pela então deputada federal Raquel Muniz, que tinha como meta a duplicação do trecho entre Montes Claros e Salinas.

Na ocasião, a deputada articulou para viabilizar os recursos necessários para a recuperação da cobertura asfáltica e a instalação de um posto de pesagem em Francisco Sá, área de intenso movimento de veículos pesados.

Hoje reitora do Centro Universitário Funorte, Raquel Muniz lembra que a instituição recebe estudantes de toda a região. “A duplicação é um benefício para o país e não apenas para a região. O Brasil inteiro passa por aqui. É preciso a junção de forças para tirar este projeto tão importante do papel. Durante o nosso mandato, conseguimos recursos para melhorar a via, mas é preciso que todos os deputados, todos os políticos votados na região unam forças em torno deste pleito para que o governo dê prioridade e garanta o recurso necessário”, diz.

Intervenções simples poderiam amenizar danos à comunidade 
Os perigos na BR-251 estão por toda a sua extensão, com curvas sinuosas, pista simples e também buracos na pista. “Dificilmente passa um dia sem acidente e, muitas vezes, são fatais. O que a gente mais deseja é a duplicação, porque (a rodovia) tem um fluxo muito intenso”, diz Marly Gouveia, vereadora de Grão Mogol.

Mas enquanto esse tipo de obra não é viabilizada, a parlamentar aponta alguns paliativos que poderiam dar mais segurança aos motoristas e passageiros. “Até que venha a duplicação, que coloquem a terceira faixa, mais redutores de velocidade, mais placas de informação, conscientização e punição para as pessoas que dirigem embriagadas ou sob efeito de alguma droga. Há pouco tempo a situação chegou a ser amenizada, mas ultimamente voltaram a acontecer vários acidentes”, conta.
 
ESTUDANTES
Além de ser uma rodovia de muito movimento, principalmente de veículos pesados, a BR-251 é também uma ligação entre áreas urbanas e rurais de vários municípios, como Grão Mogol.

“A maior população estudante é da zona rural. As crianças que vão à escola precisam passar pela BR e as mães não ficam tranquilas. Perdemos muita gente. É uma situação triste. É necessária a duplicação especialmente na Serra de Francisco Sá”, avalia a também vereadora Sônia Maria.


SAIBA MAIS
Na última quinta-feira, o vereador em Montes Claros e presidente da Associação de Vereadores da Área Mineira da Sudene (Avams), Daniel Dias, realizou uma audiência pública na Câmara Municipal para debater os problemas da BR-251.

O parlamentar propôs que sejam realizados encontros presenciais em cidades que ficam às margens da rodovia para que sejam colhidas assinaturas nos respectivos municípios para pressionar o governo.

“O que a gente quer é fortalecer e dar prosseguimento a todas as lutas que vieram antes, pelo recapeamento e pela própria duplicação. Vamos levar este movimento às cidades que margeiam a BR e a todos que queiram lutar, porque uma hora ou outra, todo mundo acaba passando pela rodovia. São ações para mitigar o número de acidentes”, diz o parlamentar que, por meio da Avams, vai elaborar um encaminhamento ao governo para ser anexado às assinaturas. 

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pelo trecho da BR-251 na região, não enviou representante à audiência pública e não retornou o contato da reportagem.

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