Biotecnologia gerando resultados
no semi-árido é a mais nova atração
do agronegócio regional
Elen de Sá
Jornalista
CATUTI - Conforme noticiou O Norte, foi realizado no dia 13 de abril o Dia de campo de algodão transgênico neste município. O evento, que teve início às 8h, foi realizado na fazenda Lagoa Escura, localizada a cerca de 3 km de Catuti. À tarde, a partir das 14h, o evento teve continuidade no campus da escola estadual José Barbosa de Souza, que contou com uma ampla estrutura para atender a todos.
O Dia de campo foi realizado pela prefeitura de Catuti e a Amipa - Associação mineira de produtores de algodão. Contou com o apoio da Seapa – Secretaria de estado da agricultura de Minas Gerais, juntamente com seus órgãos (Emater-MG, Epamig, Ima). Participaram também a Petrobras – Planta da usina de biodiesel de Montes Claros, Indústria Têxtil Cedro e Cachoeira, Banco do Nordeste, Banco do Brasil, prefeitura de Montes Claros, entre outros.
Zinga, prefeito de Catuti, ao lado do deputado estadual Ruy Muniz
e produtores (foto: Elen de Sá)
Durante a solenidade foi apresentado o projeto de retomada da cotonicultura do Norte de Minas, para a safra de 2007/2008, através do Consórcio da União Geral, que é composto por 16 municípios da Serra Geral de Minas, com previsão de área de 13.100 hectares de algodão herbáceo, para ser implantado, atendendo um total de 2.745 pequenos produtores e 4.810 famílias em sua área de abrangência.
Várias autoridades estiveram presentes no evento, entre elas os prefeitos de Mato Verde, Monte Azul, Mamonas, Janaúba e Pai Pedro; os deputados estaduais Arlen Santiago e Ruy Muniz, o gerente regional da Emater-MG de Janaúba, técnicos da Emater-MG, gerente do Banco do Brasil de Mato Verde, gerente do Banco do Nordeste de Monte Azul, empresários e pessoas ligadas aos diversos segmentos da sociedade, além dos técnicos da empresa produtora de sementes de algodão MDM, de Uberlândia, e da empresa detentora da patente do algodão geneticamente modificado Monsanto, e acadêmicos do curso de Agronomia da UFMG.
O evento contou ainda com a presença do presidente da Amipa, Inácio Urban, que veio de Patos de Minas para prestigiar o evento e dar apoio à implantação do projeto de retomada da cotonicultura no Norte de Minas.
O presidente ressaltou a importância dos pequenos produtores serem inseridos no contexto da agricultura de resultados, usando de todas as tecnologias disponíveis na região do cerrado e adaptando-as ao meio.
O 1º Dia de campo contou com a presença de cerca de 1.200 produtores rurais dos municípios de Espinosa, Catuti, Pai Pedro, Mato Verde, Porteirinha, Mamonas, Monte Azul, Matias Cardoso, Capitão Enéas, Montes Claros, Jaíba, Janaúba e Nova Porteirinha. Foi realizado com o objetivo de mostrar alternativas para o semi-árido norte mineiro, no sentido da viabilização econômica da cultura do algodão para a agricultura familiar.
Na oportunidade, foi mostrada a lavoura de algodão transgênico, experiência esta, resultado da implantação de 05 UTD’s – Unidade Técnica de Demonstração nos municípios de Catuti, Mato Verde, Monte Azul e Pai Pedro. Na UTD de Catuti, onde foi realizado o evento, o pequeno produtor teve a oportunidade de conhecer e discutir de perto as tecnologias que impulsionaram os ganhos de produtividade e qualidade obtidos nas unidades de produção, tais como: Biotecnologia, Preparo do Solo (subsolagem), Manejo de Pragas, Nutrição de Plantas, Comercialização e Associativismo.
Nesta UTD, o pequeno produtor pôde observar o potencial da planta geneticamente modificada, sua resistência à seca, custo de produção e qualidade da fibra.
Para se ter idéia melhor das vantagens, segue abaixo os dados de produção e resultados financeiros entre o algodão plantado de forma rotineira e o algodão plantado com tecnologia adaptada aos pequenos produtores.
Na 1ª Estação foi falado do PROALMINAS- Programa Mineiro de Incentivo à Cotonicultura, abordado pelo palestrante Lindomar Antonio Lopes, Assessor da SEAPA – Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Coordenador Estadual do PROALMINAS.
Segundo Lindomar Lopes, essa é uma nova maneira de plantar algodão de forma rentável.
Na 2a e 3a Estação foi falado sobre o manejo de plantas, fisiologia, nutrição e Biotecnologia. O tema foi abordado pelo Engenheiro Agrônomo Paulo Sérgio Mansano, da empresa MDM – Sementes de Algodão, de Uberlândia-MG e pelo Engenheiro Agrônomo Alexandre Chaves, da área de pesquisa da empresa Monsanto com sede em Brasília-DF.
Na 4a Estação, foram discutidos os Aspectos Técnicos da Implantação da Cultura do Algodão no Norte de Minas. O tema foi abordado por José Tibúrcio de Carvalho Filho, Técnico Agrícola.
O produtor de algodão responsável pela UTD de Catuti-MG, Adelino Lopes Martins, deu ênfase à nova forma de se cuidar da lavoura.
- Cultivar algodão sem as lagartas Curuquerê, Maçã e Rosada, torna mais fácil de tratar da lavoura e com o trabalho de subsolagem ajuda muito na resistência da planta aos períodos de seca. É preciso também da assistência técnica de 3 em 3 dias na lavoura - diz Adelino.
Segundo Adelino, agora é possível tocar a lavoura e ter uma boa renda, sensibilizando os produtores que ficaram satisfeitos com o seu depoimento.
De acordo com José Tibúrcio, o mais importante no evento foi a constatação por parte dos pequenos produtores que a cultura do algodão pode voltar à nossa região.
Também foi citados por ele os fatores que colocam os pequenos produtores do semi-árido do Norte de Minas com vantagem em relação à demais regiões produtoras do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, dos quais alguns são citados abaixo:
Enquanto a região do Cerrado gasta em torno de 250 até 300 dias para colher, com a mesma variedade, aqui conseguimos colher entre 100 a 120 dias, conseqüentemente com custo menor.
A Indústria Têxtil de Minas Gerais, consome 150 mil toneladas de pluma por ano. O Estado de Minas só produz 30 mil toneladas de pluma por ano, sendo que o restante vem de outros Estados ou importado de outros países.
A implantação da Usina de Biodesel da Petrobras vai gerar demanda por biocombustível, e uma das opções mais viáveis é o cultivo de Algodão herbáceo.
Promove o uso de terras ociosas, gerando emprego durante todo o seu cultivo (plantio, capina e colheita).
Segundo o prefeito de Catuti, Zinga, o evento superou as expectativas e vai beneficiar a região do semi-árido norte-mineiro.
Zinga acrescenta que com o algodão nada se perde: da pluma extrai-se o fio para confecção de tecidos, do caroço se extrai a torta para alimentação animal e o óleo será destinado à futura indústria do Biodiesel, da Petrobras de Montes Claros.
- Lançamos a idéia para o Norte de Minas para gerar mais de 40 mil empregos diretos e indiretos. Contamos com o apoio dos governos estadual e federal, produtores, trabalhadores e da classe política regional – ressalta Zinga.
Ovacionado pelo público presente no 1° Dia de Campo de Algodão Transgênico em Catuti, o prefeito do município ficou emocionado.
- Fiquei emocionado diante da grandeza do evento. Por um momento, fiquei sem fala e lágrimas começaram a descer. Este evento foi um marco para todos nós que organizamos e vimos acontecer – finaliza Zinga.