Tráfico de drogas na região é gerido por maioria jovem

Homens de 18 a 30 anos são os principais envolvidos

Christine Antonini
20/07/2019 às 06:49.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:37
 (CHRISTINE ANTONINI)

(CHRISTINE ANTONINI)

O tráfico de drogas é o segundo maior delito praticado no Norte de Minas, ficando atrás apenas do crime contra o patrimônio (furto e roubo). Segundo o 11° Departamento de Polícia Civil, responsável por 77 municípios da região, jovens de 18 a 24 anos e de 25 a 30 anos são os principais envolvidos com o tráfico na região. No ano passado, foram registradas 1.213 ocorrências desse tipo com jovens de 18 a 24 anos e a mesma quantidade com outros de 25 a 30 anos.

Ainda de acordo com os dados da Polícia Civil (PC), a incidência de jovens menores de idade está cada vez maior. Em 2017, foram 567, no ano passado esse número cresceu 4,4%, passando para 592 ocorrências envolvendo adolescentes de 12 a 17 anos. Os homens ainda são a maioria. Dados de 2018 apontam 2.414 registros (de várias faixas etárias) envolvendo o sexo masculino. Segundo o delegado chefe do departamento da PC, Jurandir Rodrigues, a iniciação no tráfico é motivada pelo interesse em conseguir bens materiais e até mesmo status na região onde vive.

Já em relação ao sexo feminino, foram contabilizadas 262 ocorrências – geralmente, o primeiro contato com o tráfico é por meio dos namorados e maridos.

“A primeira relação do adolescente com o tráfico de drogas é informal, como se fosse um favor ao traficante. Depois, esse jovem começa a perceber que pode conseguir benefícios financeiros – o que começa no tráfico, geralmente, evolui para outros crimes, como roubo, latrocínio e homicídios”, pontua o delegado.

Também existe a visão da impunidade, que leva esses jovens a serem usados como “escudos” contra a legislação, uma vez que a pena é mais branda, comparada com as aplicadas aos maiores de idade. O delegado Jurandir explica que se o jovem não for reincidente, talvez nem chegue a cumprir medida socioeducativa – nos centros socioeducativos o menor pode ficar por no máximo três anos.

“Na legislação, há outras formas que podem ser usadas para coibir esse menor infrator, como a liberdade assistida e cursos com acompanhamento do Conselho Tutelar. Para fechar o cerco mesmo, seria necessária uma mudança na lei, como ampliar esse período de internação e aplicar pena máxima igual aos maiores de 18 anos”, opina.

INTERNAÇÃO
Na região há apenas dois centros que recebem menores infratores: um em Pirapora e outro em Montes Claros – dos 170 jovens, 60% estão lá por envolvimento com drogas.

De acordo com Rodrigues, o governo de Minas tem buscado ampliar os centros – já existe projeto para uma sede em Taiobeiras, a grande dificuldade é custear o centro de internação. A assessoria da Secretaria de Estado e Segurança Pública (Sesp) informou que não há previsão para implantação do centro nem valor estimado.

“A maioria dessas crianças encontra no tráfico uma alternativa de subir na vida, oportunidades que, no geral, não recebem da sociedade. Hoje, o que a sociedade está negando a esses jovens, infelizmente, é oferecido pelo tráfico de drogas”, avalia a assistente social Maria Flávia Alcântara.
 

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