Tilápias da solidariedade

Criação de peixes no Presídio de Janaúba é chance de profissão para detentos e de comida saudável na mesa de quatro instituições da cidade

Da Redação*
O Norte Montes Claros
13/02/2020 às 10:17.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:37
 (SEJUSP/DIVULGAÇÃO)

(SEJUSP/DIVULGAÇÃO)

Tilápias criadas em um reservatório de 12 mil litros, instalado no Presídio de Janaúba, representam a chance de presos garantirem uma profissão e também a de enriquecer a alimentação de crianças e idosos.

O projeto de piscicultura da unidade prisional começou em janeiro, com parceria da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

O tanque de alvenaria onde as tilápias estão crescendo – já que foram colocadas ainda na forma de alevinos (filhotes) – foi construído por quatro detentos, com orientação da Emater e verba pecuniária liberada pelo Tribunal de Justiça.

O recurso, no valor de R$ 2 mil, também incluiu a compra dos primeiros 150 alevinos, e foi administrado pelo Conselho da Comunidade da Comarca de Janaúba.

A capacitação dos presos e o fornecimento de ração são de responsabilidade da Codevasf, que contratou um zootecnista para dar as orientações básicas. O profissional irá a cada 15 dias ao Presídio de Janaúba para verificar as condições de saúde dos peixes e ensinar sobre piscicultura.

O gerente de produção do presídio, Romildes Mendes, responsável por acompanhar e fiscalizar as atividades de trabalho dos detentos, destaca o interesse e dedicação dos quatro internos que construíram o reservatório e continuam no projeto.
“Estão muito empenhados, mesmo sem terem nenhuma experiência anterior na criação de peixes. Esta oportunidade dá possibilidades concretas a eles de conquistar uma vaga de emprego ou de abrir um negócio com a família”, avalia.

Cardápio enriquecido

Dentro de seis meses, as tilápias estarão prontas para o abate e vão enriquecer o cardápio de quatro instituições de Janaúba: o Asilo São Vicente de Paulo, o Projeto Dom José Mauro, a Creche Gente Inocente e a Casa de Apoio de Janaúba.

Essas entidades já são beneficiadas com as hortaliças produzidas no presídio. A horta cultivada na unidade passou a ser irrigada com a água do reservatório dos peixes.
“É uma água rica em nitrogênio, importante nutriente para o crescimento das hortaliças”, explica o engenheiro de pesca Maurício Gros, chefe do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Gorutuba, centro vinculado à Superintendência da

Codevasf de Montes Claros.

O engenheiro coordena também o Programa Piracema do São Francisco, no qual está inserido o projeto de criação de tilápias do Presídio de Janaúba.

Gros relata que na região de Janaúba e Nova Porteirinha são criadas diversas espécies de peixes como tambaqui, pirarucu e tilápia. Não faltam também espécies da bacia do rio São Francisco, como piau verdadeiro, curimatã e surubim. “A piscicultura é realmente uma atividade rentável”, garante.
 
POSSIBILIDADES
Horta e piscicultura já começaram a trazer ânimo e esperança para os detentos do projeto. Manoelino da Silva, de 48 anos, um dos integrantes da equipe, conta nunca ter tido qualquer contato com a criação de peixes. “É a primeira vez e gostaria de continuar trabalhando com eles quando terminar minha pena”, diz.

De acordo com dados da Codevasf, na região de Janaúba e Nova Porteirinha há 130 famílias que se dedicam à piscicultura e produzem cerca de 20 toneladas por ano. Os peixes são vendidos no Norte de Minas.
*Com Agência Minas
 

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