'Sisteminha' garante segurança alimentar no semiárido mineiro

Da Redação*
Hoje em Dia - Belo Horizonte
26/09/2020 às 08:14.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:38
 (Divulgação / Emater-MG)

(Divulgação / Emater-MG)

Unir produção de peixes, hortaliças, frutas, milho, feijão, ovos, galinhas e outros pequenos animais para alimentar uma família de quatro pessoas e ainda comercializar o excedente. Esse é o objetivo de uma tecnologia de produção integrada de alimentos, batizada de “sisteminha”, adotada em vários municípios do Norte de Minas, com a ajuda da Emater-MG.

Dentre as cidades está Riacho dos Machados, uma das primeiras da região a implantar, com sucesso, uma unidade demonstrativa do sistema.

A iniciativa tornou-se referência e acabou incentivando a criação de outros 14 projetos iguais no município. Mas essa forma de produzir também já funciona em outras cidades do Norte mineiro, como Mato Verde e Porteirinha.

“Hoje já temos muitos sisteminhas implantados. Entre 30 e 35 deles, favorecendo o mesmo número de famílias”, calcula o gestor regional do Projeto Dom Helder Câmara, da Emater-MG em Janaúba, Arquimedes Batista Neves Teixeira.

Segundo o gestor, 80% desses sistemas foram montados com recursos do Dom Helder Câmara, programa do governo federal que conta com a parceria da Emater-MG na assistência a pequenos agricultores do semiárido.

O extensionista agropecuário do escritório local da Emater-MG de Riacho dos Machados, Osmar Martins Campos, pontua as principais vantagens do sistema: baixo custo de investimentos e capacidade de adaptação. “Pode ser facilmente adaptado às necessidades das famílias rurais e ou urbanas que ocupam pequenos espaços. E gera uma solução dimensionada para atender as recomendações nutricionais de uma família de quatro pessoas”, afirma.
 
PRODUÇÃO INTEGRADA
O sisteminha foi desenvolvido pela Embrapa para garantir segurança e soberania alimentar de famílias do Nordeste brasileiro. A principal atividade é a criação de peixes, em um tanque, com mecanismos de recirculação e filtragem. A água, que contém resíduos e nutrientes como o nitrogênio, liberado pela combinação de dejetos e restos da ração dos peixes, também é usada para molhar e adubar a horta, pomar ou pequenas lavouras.

Como se trata de um arranjo produtivo, o sisteminha pode ser adaptado às necessidades, experiências e escolhas do agricultor familiar e às condições dos solos e climas do lugar e do mercado local.

“Não é uma tecnologia isolada, mas tem muitas possibilidades de combinações. O básico é a piscicultura e cada produtor adota os módulos de acordo com seu interesse e necessidade, otimizando o uso de água e adotando uma tecnologia simples”, informa o extensionista agropecuário da Emater-MG.

Osmar Campos reforça que o importante é aliar a produção de proteína animal a cultivos de hortas, frutas e lavouras de milho, feijão, entre outras atividades, utilizando um manejo agroecológico. “Tudo em pequenas áreas”, explica. 

O baixo consumo de água do projeto é outro ganho para os beneficiários. Um fator relevante para municípios do Norte de Minas que, como Riacho dos Machados, estão localizados no semiárido mineiro, onde a escassez hídrica é um desafio enfrentado todo ano pelos moradores da região.

BENEFICIÁRIA SATISFEITA
A agricultora familiar Izabel Maria de Jesus Aguiar, de 56 anos, da Fazenda Baixa do Brejo, na zona rural de Riacho dos Machados, é uma das contempladas pela política pública. Ela optou pelo cultivo de hortaliças e de banana prata, mas tem planos de plantar também milho, mandioca e feijão, no período chuvoso, além de continuar com a criação de peixes. 

“Está sendo muito bom pra nós. Sempre trabalhamos na roça, plantando cana, milho, criando galinha, porco. Vale a pena pra quem tem coragem e vontade de trabalhar”, afirma.

Na propriedade, herança dos pais do marido Elton de Aguiar, Izabel e o único filho do casal, de 17 anos, dividem o território da fazenda com outros parentes. Em casas e espaços delimitados de Baixa do Brejo, também moram dois irmãos e um sobrinho do esposo. Todos beneficiados com a implantação do sisteminha.

Mesmo sendo “idealizado na alimentação da família e não na comercialização”, nada impede que o projeto se torne também uma fonte de renda, se houver excedentes na produção, como afirma o extensionista Osmar Campos.

“É um programa de segurança alimentar adequado a uma pequena propriedade, mas se o produtor não consegue consumir, ele pode vender porque senão vai ter perdas”. Segundo o técnico, em Riacho dos Machados as famílias comercializam os alimentos que sobram no mercado da cidade.

*Com Agência Minas

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