Só 3,6% do gado norte-mineiro tem vacinação comprovada contra a febre aftosa

IMA recebeu apenas 3,6% dos comprovantes de vacinação do gado da região; falha pode comprometer vendas ao mercado externo

Christine Antonini
O NORTE
22/08/2020 às 06:52.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:21

Um dos grandes desejos dos criadores de gado em Minas é a suspensão da necessidade de se imunizar o rebanho contra a febre aftosa. Chegar a esse ponto representaria, de acordo com o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), uma valorização ainda maior da carne bovina mineira dentro e fora do Brasil. No entanto, para que isso aconteça, é fundamental que as campanhas atuais de vacinação contra a doença sejam seguidas à risca. E não foi o que aconteceu nesta última ação de proteção contra a aftosa. 

A primeira etapa da campanha deste ano, que se encerrou em 31 de maio, teve um resultado muitíssimo abaixo do necessário. Apenas 3,6% do gado norte-mineiro recebeu a dose contra a doença. Em virtude disso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) decidiu estender a aplicação da vacina até o próximo ano.

A expectativa dos criadores de bovino era a de que, em 2021, não houvesse mais a obrigatoriedade da campanha de vacinação contra a febre aftosa. Desejo que caiu por terra com a fraca adesão dos pecuaristas à intervenção deste ano.

Minas Gerais possui o segundo maior rebanho de bovinos do país, com cerca de 22 milhões de animais. Destes, 2.545.859 estão no Norte de Minas e, segundo o IMA, apenas 94.099 foram vacinados. 
 
EFEITO PANDEMIA
Para o médico veterinário do IMA em Montes Claros, Marco Túlio Pelaquim, um dos motivos para a baixa procura pela vacina pode ter sido a pandemia do novo coronavírus, já que muitas pessoas ficaram isoladas e deixaram de comprar as doses ou apresentar o comprovante de vacinação. 

“Os produtores tiveram até 10 de julho para apresentar a declaração de imunização. Porém, a adesão na nossa região foi bem baixa. Lembrando que durante a pandemia o atendimento presencial do IMA está temporariamente suspenso e a prestação de contas está sendo feita on-line”, enfatiza o veterinário. 

O produtor que não vacinar os animais estará sujeito a multa de 25 Unidades Fiscais do Estado de Minas Gerais (Ufemgs) por animal, o equivalente a R$ 92,79 por cabeça. A declaração de vacinação também é obrigatória e o produtor que não a fizer dentro do prazo, poderá receber multa de 5 Ufemgs, o equivalente a R$ 18,55 por animal.
 
ETAPAS
O calendário oficial de vacinação contra a febre aftosa inclui duas etapas. A primeira foi de 1º a 31 de maio, voltada para todos os bovinos e bubalinos, independentemente da idade. A segunda etapa vai de 1º a 30 de novembro e devem ser vacinados bovinos e bubalinos com idade de zero a 24 meses.
 
A DOENÇA
A febre aftosa é causada por um vírus altamente contagioso. A doença é transmitida pela saliva, nas aftas, no leite, no sêmen, na urina e nas fezes dos animais doentes. Inquietação, salivação (babeira), lesões na boca e nas patas são alguns sintomas. O produtor deve notificar imediatamente o IMA se forem verificados animais com estes sintomas. O médico veterinário irá até o local e tomará as providências necessárias.

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