
A qualidade das rodovias mineiras piorou no último ano. É o que mostra a 23ª edição da pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), que apontou que 70,6% da malha rodoviária pavimentada em Minas apresenta algum tipo de problema – no ano passado esse índice era de 61,3%.
E quando o recorte é feito sobre o Norte do Estado, o quadro fica ainda pior. As rodovias da região são consideradas as piores do território mineiro. Segundo a CNT, apenas a estrada de Pirapora, a BR-365, apresenta bom estado. As demais, incluindo rodovias estaduais, privadas e federais foram categorizadas como regular, ruim e péssimo.
Os piores trechos apontados pela pesquisa são a MG-633 (Jaíba) e MG-135 (Januária). A BR-135, apesar de possuir uma parte gerida por concessionária, também foi considerada regular. A parte considerada mais crítica está entre Curvelo e Ibotirama, na Bahia, fora da área privatizada.
PREJUÍZO
De acordo com a CNT, estradas em más condições geraram prejuízo para o Estado de aproximadamente R$ 1,26 bilhão. Em toda a malha pesquisada, foram identificados 797 trechos com pontos críticos, como quedas de barreira, pontes caídas, erosões na pista, buracos grandes. Essas situações atípicas ocorrem ao longo da via e podem trazer graves riscos à segurança dos usuários, além de custos adicionais de operação.
“É urgente a necessidade de ampliar os recursos para as rodovias brasileiras e melhorar a aplicação do orçamento disponível. A priorização do setor nas políticas públicas e a maior eficiência na gestão são imprescindíveis para reduzir os problemas nas rodovias e aumentar a segurança no transporte”, afirma o presidente da CNT, Vander Costa.
Os pesquisadores avaliaram três quesitos: sinalização, pavimentação e geometria da via. Neste último quesito Minas levou a pior nota: 81,7% está aquém do necessário, com 39,5% delas em condições péssimas. O principal problema foi a falta de acostamento: 58% das estradas não possuem.
Estrada ruim eleva custo do transporte
Segundo a CNT, as condições das rodovias impactam diretamente nos custos do transporte. Neste ano, estima-se que as inadequações dos pavimentos resultaram em uma elevação do custo operacional do transporte em torno de 28,5%, na média nacional. Transporte mais caro significa produtos mais caros.
“As viagens ficam mais longas, os veículos ficam danificados, mas o preço do frete não muda. O que gera prejuízo para nós caminhoneiros e para o consumidor, uma vez que os alimentos que chegam até os supermercados, às vezes, não tem tanta qualidade”, ressalta o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Montes Claros, Antônio Roberto.
Se os problemas são muitos, a pesquisa mostra que os caminhos para resolvê-los também parecem estar bem longe de um cenário próximo. Só em Minas, para recuperar os problemas que as estradas apresentam, o poder público deveria investir, de acordo com cálculos da confederação, R$ 6,67 bilhões.
Para se ter uma ideia da discrepância de valores, até setembro deste ano, o governo federal investiu R$ 465,97 milhões na infraestrutura de rodovias mineiras, cerca de 7% do necessário. Os valores investidos por outros entes (Estados, municípios ou iniciativa privada, em caso de rodovias concessionadas) não foram calculados pela CNT.
A assessoria de imprensa do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) informou ter investido R$ 465 milhões no Estado este ano e que ainda estão previstos outros R$ 171 milhões no orçamento do órgão.
Já o Departamento de Edificações de Estradas de Rodagens de Minas Gerais (Deer-MG) afirmou que R$ 140 milhões já foram investidos em melhorias nas estradas mineiras em 2019, o que incluiu modernização de rodovias e recuperação de pontos críticos.
*Com Bruno Inácio, do Hoje em Dia