Resposta pesada ao ‘novo cangaço’

Delegacia especializada e treinamento militar são implementados para o combate aos assaltos a bancos

Tatiana Lagôa / Mariana Durães
Hoje em Dia - Belo Horizonte
11/01/2018 às 06:30.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:42

Cada dia mais violentos e agora também com investidas contra a população, os ataques a caixas eletrônicos em Minas Gerais desafiam as forças de segurança do Estado. Em resposta, a Polícia Civil decidiu criar uma delegacia especializada em investigação e repressão a esse tipo de crime. Além disso, o efetivo de militares recebe treinamento com melhores táticas de enfrentamento às quadrilhas, preparadas e fortemente armadas.

A sede da nova delegacia será na capital, mas a equipe tentará identificar a rota das gangues em todo o Estado. “Desejamos identificar e neutralizar essas células criminosas”, afirma o chefe-adjunto da Polícia Civil de Minas Gerais, Rogério de Melo Franco Assis Araújo. O esperado é que o local esteja em funcionamento já neste mês, com efetivo de 20 policiais, entre agentes e delegados. 

A equipe terá treinamento direcionado para esse tipo de ação e contará com a ajuda da Coordenadoria de Recursos Especiais da PC (Core) e atiradores de elite. 

“Em Minas não existirá cangaço e, caso venha a surgir, nossa polícia estará apta para combater. Caso os criminosos não se rendam, partirão para o confronto e voltarão na horizontal”, garante o representante da Polícia Civil. 
 
TRUCULÊNCIA 
O anúncio da nova delegacia foi feito ontem, após mais um ataque a banco. Dessa vez, na Zona da Mata. Cinco homens armados cercaram uma agência do Banco Itaú e explodiram três caixas eletrônicos durante a madrugada, em Urucânia. 

Quando perceberam que os equipamentos estavam desabastecidos, os bandidos começaram a atirar contra fachadas das residências e estabelecimentos comerciais. Por sorte, ninguém ficou ferido. 

Esse tipo de ação truculenta tem se tornado rotina no Estado. O ano mal começou e já aconteceram pelo menos três ataques a caixas eletrônicos no interior. Segundo dados da Polícia Civil, em todo 2017 foram 149 ocorrências. São quase três roubos desse tipo por semana.
 
QUALIFICAÇÃO 
Por parte da Polícia Militar, grupos táticos têm recebido treinamento para agir em assaltos a caixas eletrônicos. O objetivo é reduzir riscos a moradores e policiais nos municípios. 

Na segunda-feira, agentes de segurança de São Gotardo, Rio Paranaíba, Matutina, Tiros e Arapuá, cidades da região do Alto Paranaíba, receberam a qualificação. As atividades buscavam proximidade com a realidade, por isso, os militares não foram avisados do procedimento, e até explosões de artefatos foram utilizadas. 

De acordo com o capitão Cristiano Araújo, assessor de imprensa da PM, a preparação será feita em outras cidades, sem data definida. 

Existe, ainda, um plano geral de priorizar o efetivo nas ruas e algumas unidades têm reconfigurado a estrutura administrativa a fim de  liberar policiais para as ruas. É possível, também, que comecem a remanejar os militares entre municípios e regiões. 

Bancos se reforçam
Nos bancos, também há um plano de segurança para reduzir os prejuízos causados pelos ataques. 

Em nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma que: “Constantemente preocupados com a segurança de clientes e funcionários, os bancos brasileiros conciliam duas importantes frentes de atuação para impedir o avanço da criminalidade, da qual são igualmente vítimas: investimento relevante no aprimoramento da segurança bancária, da ordem de R$ 9 bilhões, o triplo do que era gasto dez anos atrás, e cooperação intensa com as autoridades encarregadas da segurança pública”.

A instituição afirma, ainda, que vem acompanhando os ataques a caixas eletrônicos com “extrema preocupação” e que entende que o combate a esse tipo de crime exige um conjunto de ações investigativas no âmbito da segurança pública. 

“Nesses assaltos e arrombamentos, os criminosos usam força desproporcional, com armamentos pesados, de elevado poder de destruição; a ação de segurança necessária para fazer frente à violência empregada está fora do alcance das instituições privadas, como estabelecimentos comerciais e bancos”, conclui.

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