Produtores rurais protestam contra o aumento das reservas de mata seca no Norte de Minas

Jornal O Norte
20/09/2005 às 10:02.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:51

Mais de 1,5 mil produtores rurais do Norte de Minas protestaram ontem em Montes Claros contra deliberação normativa do Conselho de Política Ambiental do Estado de Minas Gerais – Copam, que aumenta o percentual das áreas de preservação ambiental em todas as propriedades rurais, envolvendo o bioma da mata seca. Durante a realização do Encontro de Produtores Rurais Norte de Minas Urgente, organizado pela Sociedade Rural de Montes Claros, juntamente com mais 13 entidades ligadas ao setor rural de Minas Gerais, além de todos os sindicatos rurais do Norte de Minas, o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais – Faemg, Gilman Viana Rodrigues ressaltou que os agricultores precisam se mobilizarem para reverter a situação imposta pelo Governo do Estado, uma vez que se trata de uma decisão inconstitucional, visto que a lei determina que as reservas florestais devem ocupar apenas 20% das propriedades.

- O Norte de Minas não aceita ser mendigo da sociedade – destacou Gilman Viana salientando que os 92 prefeitos do Norte de Minas precisam se aliarem aos produtores rurais para reverter a decisão dos órgãos ambientais do Governo. Isto porque, explicou, a medida trará reflexos negativos para a economia regional, além de causar o aumento do desemprego no campo o que conseqüentemente refletirá no aumento das demandas da sociedade junto às prefeituras.

- Não podemos defender a ilegalidade e decisões totalitaristas tomadas por pessoas que não conhecem a realidade do meio rural – salientou o presidente da Faemg que participou do encontro juntamente com o secretário-geral da entidade e superintendente do Senar Minas, Roberto Simões. Os deputados federais, Ronaldo Caiado, presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados e Nélio Dias, relator do Projeto de Lei 4514 que propõe a repactuação das dívidas dos produtores rurais do Nordeste, também participaram do encontro que reuniu outros parlamentares federais e estaduais, prefeitos e dirigentes de várias entidades do setor empresarial do Norte de Minas. 

Ao abrir o Encontro o presidente da Sociedade Rural de Montes Claros, Alexandre Vianna ressaltou que apesar do empenho da Faemg e de deputados junto ao governador Aécio Neves e do secretário de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, as entidades ligadas ao setor rural do Norte de Minas não conseguiram ainda reverter a decisão do Copam de ampliar a exigência do aumento das reservas de mata seca no Norte de Minas. Segundo Vianna, o Governo não está levando em conta que isso trará sérios prejuízos para a economia regional, o desemprego de aproximadamente 70 mil trabalhadores rurais, além de impedir que o Norte de Minas continue crescendo a sua produção agrícola, que atualmente detém o maior rebanho bovino do Estado e uma produção de frutas que aumenta a cada ano.

- Não somos a favor da depredação do meio ambiente, mas os produtores rurais do Norte de Minas não podem ser penalizados com o passivo ambiental existente no Estado – assinalou Alexandre Vianna.

Ele lembrou que com a decisão tomada pelo Copam “o Governo do Estado está indo contra toda uma política de ação voltada para a dinamização da economia mineira e geração de novos empregos”. O presidente da Sociedade Rural frisou ainda que “O Norte de Minas tem maturidade suficiente para decidir o seu destino e salientou que os governantes passam mas o poder do povo continua, “porque detemos o poder do voto”.

O prefeito de Montes Claros, Athos Avelino e os deputados estaduais, Carlos Pimenta, Gil Pereira e Arlen Santiago também protestaram contra a decisão do Governo de ampliar as áreas de reserva florestal no Norte de Minas, reafirmando que isto trará sérios prejuízos para o setor agropecuário. A deputada Ana Maria Rezende encaminhou ofício à diretoria da Sociedade Rural manifestando apoio ao movimento dos produtores rurais e classificou a medida como sendo “um retrocesso” para o sistema produtivo de uma das regiões mais carentes do Estado.

O deputado Federal, Márcio Reinaldo criticou o Governo do Estado pela tomada de uma decisão unilateral, sem envolver uma discussão mais ampla com a sociedade norte-mineira. Ele ressaltou que a medida foi tomada por burocratas que conhecem apenas o ambiente de suas salas com ar condicionado e não a dura realidade em que vivem os produtores rurais”.

O presidente do Sindicato Rural de Montes Claros, Júlio Gonçalves Pereira leu manifestou de protesto que será entregue ainda nesta semana ao governador Aécio Neves por lideranças do setor rural de Minas Gerais, em audiência que será marcada pela diretoria da Faemg. Além das 1,5 mil assinaturas de pessoas que estiveram presentes ao Encontro, o documento será assinado também pelos prefeitos do Norte de Minas, conforme revelou o presidente da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene – Amams, Valmir Moraes de Sá.

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