Próximo prefeito poderá ser eleito com um só voto em 17 cidades de Minas: uma delas no Norte

Rodrigo Gini
Hoje em Dia - Belo Horizonte
29/09/2020 às 23:41.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:40
 (TRE)

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Em 17 dos 853 municípios mineiros não haverá briga pelo cargo de prefeito nas eleições de novembro. Apenas uma chapa foi registrada e, de acordo com a legislação eleitoral, para garantir o posto basta um único voto. Na grande maioria desses municípios, quem já ocupa o cargo vai em busca da reeleição. E encara a oportunidade como uma responsabilidade redobrada.

Caso de Ley Lopes (PEN), prefeito de Pintópolis, com cerca de 7.500 habitantes, no Norte de Minas. O gestor credita ao trabalho na atual gestão à condição de candidato único.

“O fato de ser único candidato, com certeza, é resultado de um trabalho sério, eficiente e com justiça social, realizado por uma equipe qualificada e de compromisso com os nossos munícipes”, afirma.

Ter apenas um candidato é situação inédita em Pintópolis. “O fato de não ter outro candidato, a meu ver, demonstra que trilhamos o caminho correto, com zelo e respeito pela coisa pública”, ressalta. 

Ley Lopes acredita que outros pré-candidatos fizeram pesquisas, mas descobriram “que seria difícil nos derrotar nas urnas, devido ao altíssimo índice de aprovação da nossa administração, que chegou a 86%, resultado da nossa seriedade, honestidade e competência”.
 
APOIO TOTAL
Situação semelhante à de Ibitiúra de Minas, no Sul do Estado, com cerca de 3.400 moradores. Alexandre de Cássio Borges (Pros) não só não tem adversários, como vai contar com algo inédito: todos os candidatos a vereador são integrantes da chapa dele, que conta ainda com o PSB. Entre esses haverá disputa, já que há mais nomes do que vagas na Câmara, mas o apoio para os próximos quatro anos de governo já está assegurado.

“A população e as forças políticas da cidade entenderam que não tem por quê mudar. Até mesmo a oposição enxergou isso. Eu agradeço essa confiança e espero retribuí-la com mais afinco e resultados”.

Para o cientista político Carlos Ranulfo, da UFMG, o fenômeno sugere uma convergência de forças e um cenário que desencoraja a oposição a se aventurar na disputa. “Não há, nestes casos, competição política. A população se mostra satisfeita com o desempenho da administração municipal e sinaliza que esse é o melhor cenário”.
 
SEM ESCOLHA
Mas esta não é a única explicação, na visão do professor de Direito da Faculdade Promove João Ricardo Sobrinho. “Cada caso é um caso. Existe o candidato unânime, que não desperta concorrência; tem a cidade onde as pessoas perderam tanto o interesse pela política que não querem se candidatar; e também municípios onde a mesma família está no poder há gerações”, diz. 

Em qualquer situação, avalia, a democracia sai perdendo. “Não há possibilidade de escolha nem de renovação”. 

Quem também lamenta o cenário é o doutor em Ciência Política e professor da PUC Minas Malco Camargos. “A ausência de oposição significa a situação fazer o mínimo para ganhar. E fazer o mínimo não é o que se espera de uma democracia”.

Mas o prefeito de Pintópolis ressalta que o fato de não ter outros candidatos na disputa não significa que não exista oposição. “Temos sim a aprovação da grande maioria do povo de Pintópolis, mas ainda tem pessoas que desaprovam o nosso governo e estarão sempre do outro lado fazendo oposição. É impossível agradar a todos”. 

E enfatiza: “apesar de não termos concorrente, continuaremos fazendo uma caminhada eleitoral com muita seriedade, ao lado do povo, visitaremos todas as comunidades rurais escutando as pessoas e apresentando o nosso plano de governo”.

(Com Ana Paula Lima e Márcia Vieira)

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