Pipa deixa 33 mil clientes da Cemig na região sem luz

Estrago foi em 2018; Até abril deste ano já são 2 mil unidades consumidoras afetadas

Gian Marlon (*)
18/07/2019 às 08:44.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:35
 (CARLOS CASTRO JR.)

(CARLOS CASTRO JR.)

A criançada costuma aproveitar este período de férias, com ventos mais fortes, para soltar pipas –passatempo que atrai também muitos adultos. Um alerta importante da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), no entanto, é para a importância de não usar fios cortantes, como cerol ou linha chilena.

Além de se ferir, quem usa esses fios pode machucar gravemente outras pessoas. Há ainda os prejuízos econômicos causados por esses materiais proibidos. 

No ano passado, segundo a Cemig, foram 2.202 ocorrências na rede elétrica causadas por pipas ou outros objetos jogados na rede elétrica, deixando no escuro 750 mil residências ou comércios. Destas, 131 foram na região Norte, causando estrago gigante ao afetar nada menos do que 32.995 unidades consumidoras.

De janeiro a abril deste ano, a Cemig fez 18 desligamentos após contato de um “papagaio” com pontos de eletricidade, o que prejudicou cerca de 2 mil famílias na região. Não é raro também acontecerem curtos-circuitos, já que muitos meninos tentam retirar o que sobrou da pipa presa a fios e cabos. 
  
LEGISLAÇÃO
A Lei Estadual 14.349/ 2002 proíbe o uso desses materiais cortantes. De acordo com a Polícia Militar, quem for flagrado fazendo uso de cerol ou linha chilena pode pagar multa de R$ 100 a R$ 1,5 mil –que pode ser agravada. Se for menor de idade, os pais são responsabilizados. 

A linha chilena pode cortar mais do que o cerol. É um dos principais causadores dos desligamentos da rede elétrica, vez que rompe os cabos ao entrar em contato com os postes de luz. 

Essa “diversão” nesta época do ano acarreta aumento de ocorrências de acidentes. Motociclistas costumam ficar feridos, às vezes, gravemente, ao serem atingidos pelas linhas das pipas envoltas em materiais cortantes.

No bairro Alterosa, em Montes Claros, João Vítor (nome fictício), de apenas 12 anos, soltava pipa em um lote vago. Sua única preocupação era que a reportagem quisesse ‘impedir’ que se divertisse com os ‘papagaios’. Mesmo assim, aguardou a aproximação de outra arraia para o “duelo”. Na gíria da rua, ele ‘mandou e aparou’, vencendo a batalha e voltando para casa orgulhoso, com uma pipa a mais. “Sei que não pode, mas a graça está na linha”, acredita 

No Vila Campos, sem espaço próximo apropriado para soltar o papagaio, Luís Cláudio, de 28 anos, se aventurava em meio à fiação. “Nós soltamos pipa aqui na rua mesmo, todo dia, com a criançada. É algo que gosto desde menino. A gente se preocupa com os fios, mas, mesmo assim nos arriscamos. O que importa é o divertimento”. 
 
REGISTROS
Em Montes Claros, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atendeu, nos últimos três anos, 11 casos, sendo três em 2016, cinco em 2017, dois em 2018 e uma vítima em maio deste ano, sem gravidade. 

No primeiro semestre de 2019, a Polícia Militar registrou uma ocorrência com apreensão de 11 carretéis de linha com cerol e linha chilena, de pessoas que soltavam pipa com risco eminente. Três ocorrências de acidente de trânsito com vítima também foram registradas.

(*) Estagiário, sob supervisão do editor
(Colaborou Carlos Castro Jr.)

Empresário vê oportunidade em produzir pipa 
Quem poderia investir em algo em que a alta temporada teoricamente dura apenas três meses – de junho a agosto? Foi com esse pensamento que Alexandre Figueiredo entrou no mercado de pipas. Ao perceber que mais ninguém produzia na cidade, decidiu começar. 

O empreendimento especializado apenas em pipas e acessórios já tem cinco anos. Ele conta que as vendas da alta temporada ajudam a manter o negócio o ano inteiro. Além do mais, a produção em alta escala dura toda a temporada. A fábrica própria fica em Januária. 

“As vendas são tão grandes durante a alta temporada que não tenho tempo para produzir. Então, as pipas são fabricadas durante todo o ano, para que neste período eu possa me concentrar apenas em vender. O telefone não para e toca de domingo a domingo”, conta. 

O grande número de crianças nas ruas ajuda a explicar a popularidade do passa-tempo e também o preço. Além da possibilidade de fazer sua própria pipa, utilizando materiais caseiros, comprar também não sai caro. As pipas variam de R$ 0,50 a R$ 4. A linha sai a partir de R$ 2.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por