O projeto visa identificar os possíveis impactos que a pequena central elétrica ainda causa no ecossistema aquático do rio Pandeiros, em Januária
Um estudo realizado no Refúgio Estadual de Vida Silvestre estuda a possibilidade de remoção da barragem da pequena central hidrelétrica (PCH), desativada em 2008, do rio Pandeiros. O projeto visa identificar os possíveis impactos que a PCH Pandeiros ainda causa no ecossistema aquático do rio Pandeiros, tanto acima quanto abaixo da barragem, mesmo após ter encerrado sua operação, para subsidiar a decisão de remoção ou não da barragem.
- É uma oportunidade inédita em países subdesenvolvidos de inserirmos o tema de remoção de barragens nas discussões sobre conservação e restauração de ambientes aquáticos. O rio Pandeiros poderá ter a chance de aumentar sua importância e visibilidade, não somente em Minas Gerais, mas também em todo o mundo - afirma o mestre e doutorando em Ecologia Aplicada da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Rafael Couto Rosa.
O estudo, realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), em parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) foi denominado como “Desenvolvimento de ferramenta para a priorização de descomissionamento de Pequenas Centrais Hidrelétricas no estado de Minas Gerais e estudo de caso para a de Pandeiros”.
De acordo com o projeto, as barragens constituem uma das principais causas de fragmentação de habitats em ecossistemas fluviais. Alguns de seus efeitos sobre os rios e sua biota são imediatos e óbvios, mas outros são graduais e sutis. Alguns impactos ocorrem logo após o fechamento da barragem, mas uma gama de outros impactos surgem ao longo do tempo, devido à respostas geomorfológicas do canal e da planície de inundação, bem como devido às mudanças no regime hidrológico e no transporte de sedimentos.
Ainda segundo o Projeto, a remoção de barragens tem se mostrado eficaz na recuperação de populações de peixes, além de melhorar o status ecológico global do sistema.
- O projeto é uma chance de enriquecer o conhecimento sobre o meio ambiente e os organismos que nele vivem, não somente na área do refúgio, mas também em toda a bacia do rio Pandeiros – explica o mestre e doutorando em Ecologia Aplicada da UFLA, Rafael Couto Rosa.
Refúgio Estadual de Vida Silvestre
O Refúgio Estadual de Vida Silvestre do rio Pandeiros foi criado em 2004, pelo Decreto 43.910. Localizado em Januária, o refúgio possui 6.102 hectares e tem como objetivo proteger os ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.
Administrado pelo Instituto Estadual de Florestas, o refúgio está sujeito às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão e àquelas previstas no regulamento da unidade.