Perto do fim da campanha contra o sarampo, só 22% do público-alvo em Minas se protegeu

Renata Galdino
Hoje em Dia - Belo Horizonte
25/08/2020 às 00:05.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:22
 (Editoria de Arte)

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A corrida por uma vacina para evitar mortes pelo novo coronavírus não foi suficiente para conscientizar a população sobre a necessidade de se prevenir contra outras doenças também consideradas perigosas. Com campanha nacional de imunização para adultos de 20 a 49 anos a ser finalizada na próxima segunda-feira, o sarampo voltou a fazer doentes no país e, mesmo assim, a cobertura vacinal segue abaixo do preconizado. 

Em Minas Gerais, apenas 22% das mais de 9,2 milhões de pessoas do público-alvo receberam a dose, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES). O índice precisa chegar a 95%. Na ponta do lápis, quase 7,2 milhões de moradores ainda não procuraram os centros de saúde para se protegerem. 

Entre eles está o jornalista Thiago Fonseca, de 24 anos. “Nem sabia que tinha que tomar vacina contra sarampo, achava que era só para criança. Um amigo meu que descobriu semana passada e me contou. Acho que falta divulgação e informação sobre o motivo de adultos também tomarem”, avalia o jovem, que pretende ir a um centro de saúde ainda nesta semana.

“É uma doença viral extremamente perigosa e que pode matar. O sarampo abre portas para outras patologias. Existem pesquisas indicando que compromete as funções neurológicas e favorece outras infecções, como encefalite (inflamação do encéfalo)”, destaca o clínico médico Diogo Umann.  
 
SURTOS
A preocupação com a enfermidade ganhou ainda mais força em 2019, quando o Brasil, onde a patologia já estava erradicada, enfrentou um surto. Em Minas foram 136 casos confirmados. Já neste ano, o Estado teve 21 notificações positivas, conforme o boletim epidemiológi-co mais recente divulgado pela SES.

Na tentativa de conseguir novamente o certificado de eliminação do vírus no território, o governo federal ampliou a vacinação para os adultos de 20 a 49 anos – antes era até os 29, frisou a coordenadora do Programa Estadual de Imunizações, Josianne Gusmão. “Por isso, a estratégia desta vez é a indiscriminada, ou seja, é aplicar a dose em todas as pessoas dessa faixa etária, independentemente de o cartão de vacina dela estar completo”.

A baixa cobertura vacinal registrada na campanha, inclusive, levou a secretaria, ontem, a pedir ao Ministério da Saúde que prorrogue mais uma vez a campanha em Minas Gerais. Vale lembrar que a ação, iniciada em março, terminaria em 15 de julho. Porém, foi estendida para que mais pessoas fossem protegidas.

Mas a própria pandemia contribuiu para os números insatisfatórios. Com medo de serem infectadas, pessoas do público-alvo evitam a ida ao centro de saúde, afirma a diretora de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte (SMSA).

Na capital, a estratégia é cercar quem está indo aos postos por outros motivos. “Mas a adesão foi muito baixa. Este ano é muito atípico”, disse a gestora.

Segundo as especialistas, a vacina contra sarampo pode ser tomada durante a pandemia. A dose só é contraindicada para gestantes, quem teve reação grave a uma dose aplicada anteriormente e para pessoas com imunodeficiência clínica ou laboratorial grave (com sistema imunológico sem capacidade para reagir bem à doença).


 

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