(PMMG/REPRODUÇÃO)
Os 28 crimes atendidos pela delegacia anti-sequestro da Polícia Civil em Minas Gerais de janeiro de 2018 até agora foram comandados por pessoas que estavam presas na Penitenciária Nelson Hungria, de segurança máxima, em Contagem, Grande BH. Na última terça-feira (11), um fazendeiro de 64 anos, o filho dele, de 38, e um intermediário, de 40, foram mantidos em cativeiro por organização criminosa em Pitangui, região Central.
A estratégia foi articulada por um presidiário que tinha organizado outros sequestros, usando celular de dentro da cela. Para atrair os fazendeiros, o suspeito, de 27 anos, espalhou um falso anúncio de venda de rebanho de 120 bezerras em grupos de WhatsApp com empresários do setor. Cada uma delas custaria R$ 850.
As vítimas, do Norte de Minas, se interessaram e foram a Pitangui avaliar o gado. Eles tratavam com o farsante por telefone há três dias. Chegando à cidade, por volta das 9h30, se encontraram, em um restaurante, com uma mulher que se dizia ser esposa do comerciante. Ela os levaria à fazenda.
Ao pararem na porta de uma propriedade rural, dois homens, recrutados pelo comandante do esquema, renderam as vítimas e anunciaram o sequestro. Todos foram colocados no mesmo carro e levados a uma construção inacabada na periferia de Pitangui e mantidos amarrados, em cativeiro.
Os sequestradores orientaram as vítimas a ligarem para a família informando que o gado era de qualidade e pedindo a transferência de cerca de R$ 85 mil para uma conta bancária. A transação foi feita, mas a polícia bloqueou o valor no banco.
No início da tarde, a Polícia Civil, que investigava a articulação dos criminosos há uma semana, foi ao local onde estavam os reféns e os libertou. Houve troca de tiros entre a mulher que conduziu as vítimas e os agentes e ela foi ferida de raspão. Os três suspeitos foram presos e o detento da Nelson Hungria, mandante do crime, levado a prestar depoimento em Belo Horizonte.
Questionado sobre o crime ter sido articulado por presidiários da unidade de segurança máxima de Minas, o delegado Ramon Sandoli afirma que uma das estratégias adotadas pela Polícia Civil é tentar antecipar ações criminosas e evitar que a vítima seja feita refém. Segundo ele, em cinco, dos 28 sequestros, isso ocorreu. “Nossa intenção é agir o mais rápido possível. Temos desenvolvido ações de inteligência, prevenção e investigação, buscando acabar com isso ou diminuir esses fatos”, diz.
Procurada, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) não se manifestou até o fechamento desta edição.