Operação prende 50 em Bocaiuva

Ação desarticulou cinco núcleos do tráfico, cujos líderes comandavam as atividades de dentro dos presídios

Christine Antonini
12/02/2019 às 07:23.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:30
 (PMMG/divulgação)

(PMMG/divulgação)

Cinquenta pessoas foram presas temporariamente em Bocaiuva durante a Operação Macaúbas de combate ao tráfico de drogas no Norte de Minas. A ação ocorreu na manhã de ontem, realizada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, através do grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Foram expedidos 56 mandados de busca e apreensão e 25 notificações. As investigações apontaram que o grupo também agia de dentro dos presídios de Bocaiuva e Montes Claros, onde comandavam os pavilhões.

O objetivo da ação foi desarticular pelo menos cinco núcleos voltados para a prática do tráfico de drogas em Bocaiuva, mas com cadeias de comando que operavam a partir de unidades prisionais do Estado, especialmente do Presídio Regional de Montes Claros, Presídio Alvorada, Presídio de Bocaiuva e também do Presídio de São Joaquim de Bicas.

Segundo o promotor Flávio Márcio Lopes, a ação começou quando um traficante procurou o Ministério Público (MP) para uma delação premiada – o homem estava sendo ameaçado por facções de dentro do presídio e pediu proteção, em troca, entregou todo o esquema.

“Fizemos uma blitz nos presídios à procura de drogas, armas e celulares. A investigação não apurou como esses objetos chegavam até os detentos, porém suspeitamos de envolvimento dos agentes penitenciários e até mesmo advogados desse grupo”, pontua o promotor.

As investigações, que duraram cerca de um ano, revelaram toda a dinâmica do tráfico de drogas em Bocaiuva e região, descortinando fornecedores, transportadores e vendedores da droga, bem como a guerra entre facções criminosas na disputa por territórios que resultaram, inclusive, em homicídios.

Verificou-se também que os líderes das ações marginais se valiam de adolescentes para a segurança armada dos pontos de venda de entorpecentes, como também da inimputabilidade penal dos menores para o ataque aos desafetos – o mais violento do grupo tem apenas 13 anos.

CELULAR CARO
De acordo o Ministério Público, o aparelho celular, dentro do sistema prisional, é para privilegiados. É possível comprar um dentro do presídio por R$ 10 mil e a hora de uma ligação custa, em média, R$ 1 mil.

“Quem decidia as execuções na região e o comando do tráfico era o grupo que está preso. Isso é muito frustrante para quem combate o crime, pois eles estão em um ambiente altamente seguro e mesmo assim conseguem agir. Os presídios são escritórios do crime”, afirma o promotor.

A Polícia Militar destacou que os envolvidos não ostentavam, viviam de modo simples para não chamar atenção. O comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar, Wanderlucio Carlos dos Santos, ressalta que o “jogo do poder” é mais valioso do que qualquer bem material no “mundo do crime”.

“Os líderes decidem quem morre. Isso é de grande peso dentro das facções e traz respeito dos demais membros”, afirma o comandante.

A operação contou com a atuação de 186 policiais militares de Montes Claros, Bocaiuva, Engenheiro Dolabela, Olhos D’Água, Guaraciama e Francisco Dumont, 40 viaturas policiais e 20 agentes penitenciários.

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