Nova forma de plantio pode salvar o pequi da escassez

Estudo da UFMG desenvolve estratégia para que muda se desenvolva na natureza

Christine Antonini
22/06/2019 às 07:36.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:13
 (EMATER/DIVULGAÇÃO)

(EMATER/DIVULGAÇÃO)

O pequi é uma fruta típica do cerrado, de sabor e aroma bastante característicos e que se tornou uma alternativa de renda para diversas famílias no Norte de Minas. Um exemplo vem de Japonvar, maior produtor estadual de pequi. Mas as últimas safras não foram muito satisfatórias. Além do extrativismo de árvores nativas, algumas plantas estão velhas e já não têm uma grande produção. Para tentar reverter esse cenário, pesquisa da UFMG desenvolveu técnicas que melhoram o plantio de mudas de pequi.

Japonvar já chegou a produzir 25 mil toneladas de pequi no período do fruto, entre outubro e janeiro. A safra do ano passado, no entanto, foi 40% menor em relação aos anos anteriores.

De acordo com o pesquisador Levi Pagehú, o desenvolvimento de mudas de pequi na natureza ainda representa um desafio para as ciências agrárias em razão da dormência das sementes, que pode impedir a germinação após o plantio, e da própria resistência das novas mudas ao ambiente natural.

Pagehú destaca que o armazenamento e o acompanhamento da irrigação após o plantio são medidas fundamentais para que a muda cresça satisfatoriamente.

“Devido à necessidade de comercializar o pequi, vimos a urgência de buscar alternativas para o produto não se tornar escasso. Por isso aprimoramos as técnicas de plantio das mudas para que elas possam sobreviver em habitat natural”, pontua o pesquisador, que é mestre em produção vegetal.

Pagehú afirma que a dificuldade em plantar o fruto está na dormência nas sementes – com isso nem todas conseguem germinar após o plantio.

O estudo mostrou que na região há poucas árvores nativas novas e que as mais velhas não conseguem produzir o fruto em grande quantidade e qualidade – geralmente são pequis pequenos e não os chamados “graúdos”.

“Nossos esforços foram voltados para a melhoria na germinação, estabelecimento do cultivo e no crescimento das plantas de uma maneira mais eficaz no campo. Geralmente, essas mudas são produzidas em estufas e conseguimos fazer isso no habitat natural”, explica.
 
METODOLOGIA
Entre os métodos testados, o de maior resultado foi a germinação da semente dentro do ácido giberelico – um hormônio vegetal, natural, que regula o crescimento das plantas, incluindo desencadear a germinação das sementes.

“As mudas com o ácido tiveram o crescimento ainda mais rápido, o que influenciou positivamente o crescimento das plantas. Esse monitoramento é importante, pois depois do plantio pode vir a ausência de chuvas e isso é importante para a planta estabelecer e crescer o sistema radicular e colonizar o solo. A própria irrigação estabelece as plantas. Isso mostra que a água é importante não só no crescimento, mas também na germinação”, enfatiza o pesquisador.
 
ECONOMIA
O pequi apresenta elevada importância econômica na região, pois o fruto é muito apreciado pela população norte-mineira e exportado para outros estados e até mesmo países, como a China.

Muitos produtores rurais sobrevivem da venda do pequi. Além da comercialização do fruto em si, produzem derivados da iguaria, como polpas, licor, doces, óleo e castanhas.

Dos 8,8 mil habitantes de Japonvar, cerca de 5,5 mil estão envolvidos com a coleta do pequi.

“Geralmente, o produtor do pequi desova a semente e a armazena por 30 dias. Mas acaba esquecendo de irrigar diariamente a planta. Outro ponto é o controle de pragas nas árvores já adultas. Por isso é necessário o manejo diário”, ressalta Pagehú.

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