No mesmo dia em que o governador de Minas, Romeu Zema, anuncia a liberação da Onda Verde para o Norte de Minas, dentro do plano de flexibilização “Minas Consciente”, o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) divulga boletim que aponta aumento de 150% no número de casos da Covid-19 na região.

A coleta e a análise de dados é realizada pelo Campus Diamantina e Campus Pirapora e levam em conta as 12 cidades que estão na área de abrangência do instituto. Para o professor Wallace Trindade, do IFNMG, a decisão do Estado pode ter se baseado em números que incluem a ocupação de leitos. Na pesquisa do instituto, são trabalhados apenas os dados de casos confirmados e mortes.

“Estamos fazendo este levantamento desde o início da pandemia e observamos diversos momentos em que os casos cresceram muito rapidamente. Nossos números são disponibilizados por órgãos oficiais e nós fazemos uma espécie de mineração e cruzamento de dados. Mas, de modo geral, nossos dados são conferidos por município através das redes sociais, páginas das secretarias de Saúde e páginas das prefeituras”, disse o professor.

De acordo com o IFNMG, em agosto as confirmações de casos e os óbitos foram significativos. Só em Montes Claros, a pesquisa aponta para o aumento de 250% dos casos em relação ao acumulado. Já em Bocaiuva, Brasília de Minas/São Francisco, Francisco Sá, Januária, Pirapora e Taiobeiras o crescimento foi menor, mas ultrapassou os 100%. As únicas cidades com índice abaixo dos 100% foram Coração de Jesus, Janaúba, Monte Azul, Manga e Salinas.
 
MONTES CLAROS
Metade dos casos de Covid do Norte de Minas estão em Montes Claros. A média móvel diária, a partir de 7 de agosto, ficou acima de cem casos e o recorde foi registrado 20 dias depois, com 175 confirmações. Na última semana de agosto, a pesquisa aponta que houve estabilidade em relação aos 14 dias anteriores.

Montes Claros está no patamar da onda amarela e ainda não sinalizou se vai avançar na flexibilização a partir da autorização do governo. Das cidades citadas na pesquisa, até 3 de setembro, apenas os municípios de Bocaiuva, Brasília de Minas, Francisco Sá, Janaúba, Monte Azul e Pirapora haviam aderido formalmente ao Minas Consciente.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que “a decisão para mudança de onda das macrorregiões é tomada no Comitê Extraordinário semanalmente, além da divulgação dos dados das microrregiões, para auxílio da tomada de decisão municipal”.

Antes, prossegue a nota, o Centro de Operações em Emergência em Saúde (COES-MG) analisa os dados, que são extraídos toda segunda-feira. Na terça, o Grupo Executivo realiza debate e, a partir deles, encaminha proposta para deliberação do Comitê Extraordinário, que é realizada na quarta-feira, com publicação no Diário Oficial do Estado na quinta. 
 
28 DIAS
Para uma mudança para Onda Verde, por exemplo, cada região foi monitorada semanalmente, tendo que, além de possuir indicadores favoráveis, ter permanecido em Onda Amarela durante pelo menos 28 dias. As decisões são tomadas por meio de dados técnicos e científicos, baseado em três eixos: incidência, capacidade assistencial e velocidade de contaminação. 

Por fim, a SES-MG informa que caso haja piora nos índices avaliados, a região poderá regredir para a Onda Amarela ou mesmo para a Vermelha, de acordo com os dados obtidos na semana.

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