Norte de Minas está na rota das águas da represa de Três Marias

Comportas da usina hidrelétrica da Cemig serão abertas nesta sexta-feira

Márcia Vieira*
O NORTE
13/01/2022 às 00:07.
Atualizado em 18/01/2022 às 00:53
 (Edina Ramos/divulgação)

(Edina Ramos/divulgação)

As chuvas que caem insistentemente em Minas nas últimas semanas, e que não pouparam o Norte do Estado, não é a única preocupação de quem mora às margens do rio São Francisco. A partir desta sexta-feira (14), a Cemig abrirá as comportas da Usina Hidrelétrica de Três Marias, o que irá aumentar ainda mais o nível do curso d’água.

O anúncio da empresa, que adiou o aumento da vazão da represa, previsto para acontecer ontem, gera medo e apreensão entre os moradores. 

O temor é o de que o nível do rio suba a ponto de invadir vários bairros de Pirapora, sem contar as outras cidades que ficam no caminho das águas.

“Bairros como o Nossa Senhora Aparecida (em Pirapora) podem desaparecer, caso o rio transborde”, alerta o empresário Egnaldo Barbosa. Ele é dono de um restaurante que fica bem às margens do Velho Chico e diz que o nível do rio tem subido a cada dia.

“Por enquanto, não está acontecendo nada. Mas existe uma lagoa nesse bairro e, caso o rio encha, joga a água para o local. Se encher mais, inunda o bairro todo. Uma das avenidas principais, onde está o restaurante, também é bastante habitada e se a represa abrir com o volume de água que está agora no rio, provavelmente essas casas serão inundadas”, explica o morador.

A situação acendeu o alerta da Associação dos Municípios da Bacia do Médio São Francisco (Ammesf), que disse ter procurado a Cemig reafirmando a preocupação com a população das cidades ribeirinhas e embarcações, como as balsas que transportam veículos e pessoas e o vapor Benjamim Guimarães, que se encontra em manutenção na orla de Pirapora (leia mais na página 4).

Em nota publicada no site da empresa, a Cemig – responsável pela represa de Três Marias – informou que decidiu pela abertura das comportas levando “em consideração que o evento ocasionado pela formação de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), neste início de janeiro, já se encontra em processo de enfraquecimento e que espera-se que as vazões nos afluentes do rio São Francisco comecem a reduzir já a partir desta quinta-feira”.

A expectativa da empresa é a de que haja uma redução das vazões dos afluentes no rio São Francisco no trecho entre a foz do rio Abaeté e Pirapora. “Será possível iniciar a abertura de comportas na UHE Três Marias a partir de sexta-feira, sem o agravamento da condição de cheia já vivenciada neste trecho”.
 
RISCO AINDA EXISTE
Ainda não há garantia de que o nível do São Francisco irá baixar nos próximos dias. Das 17 bacias hidrográficas monitoradas pelo Sistema de Alerta de Eventos Críticos (Sace), do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), cinco estão em alerta, dentre eles o do curso d’água que corta o Norte de Minas.

Segundo o CPRM, órgão público vinculado ao Ministério de Minas e Energia, o volume d’água nos principais rios das cinco bacias passou a subir mais rapidamente após as fortes chuvas do último fim de semana. E a previsão é que mais localidades “entrem em cota de inundação nas próximas horas”.

Na Bacia do São Francisco, o nível do rio continua além da cota de inundação em pelo menos quatro pontos próximos aos municípios mineiros de Januária, São Francisco, São Romão, Pirapora e Buritizeiro.

Nesta última cidade, o coordenador da Defesa Civil local, Rodrigo Cardoso, alertou a população para a previsão de mais chuvas nos próximos dias. “Temos acompanhado, diariamente, os boletins emitidos pela Usina Hidrelétrica de Três Marias e também as informações emitidas pela Defesa Civil estadual. Com isso, estamos em alerta constante”, disse Cardoso, em nota.

*Com Agência Brasil

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