Na rota do enoturismo: Grão Mogol se destaca na produção de uvas e vinhos de qualidade

Márcia Vieira
Repórter
10/11/2021 às 00:59.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:13
 (fotos vale do gongo/divulgação)

(fotos vale do gongo/divulgação)

O Norte de Minas já tem Salinas como a Capital Nacional da Cachaça. Agora, vê Grão Mogol se consagrar como uma das maiores produtoras de uvas do país.

A Vinícola Vale do Gongo, projeto experimental implantado por uma família da cidade, tem conquistado recordes no volume de produção e alta qualidade da fruta e do vinho produzidos.

E a perspectiva é de crescimento. Dos atuais 2 mil litros de produção, promete saltar para cerca de 20 mil litros até 2022.

De acordo com Alexandre Damasceno, um dos idealizadores e sócio do projeto, a produção de uvas se destacou em qualidade e quantidade superiores à média nacional.

“Enquanto o Sul de Minas e outras regiões tradicionalmente fruticultoras produzem, para a variedade Merlot, cerca de 1 quilo a 1,5 quilo por planta, nós produzimos na última safra 4 quilos por planta. É uma média muito boa”, comemora o produtor.

Já as variedades da fruta para consumo in-natura atingem cerca de 50 toneladas por hectare por ano em dois ciclos.

“É um diferencial que temos aqui. A gente consegue produzir uva o ano inteiro, o que nos dá um ganho de mercado muito bom”, explica Alexandre.

O projeto nasceu a partir de observações colhidas por Alexandre em viagens pelo mundo, em que verificou que tanto na América Latina quanto na Europa as regiões produtoras têm características semelhantes à região de Grão Mogol, o que possibilitou o investimento. 

“Baixa precipitação, boa amplitude térmica, dias ensolarados, noites frias, solos ácidos com condições de viabilizar a irrigação. A partir destes fatores, iniciamos um projeto piloto com diversas variedades para teste. Dentre as 26 variedades, selecionamos as mais bem adaptadas para elaboração de vinhos finos e sucos”, conta o empresário.

Segundo Alexandre Damasceno, o grande destaque na região foi a variedade Merlot, que não era tradicionalmente cultivada no Sudeste. “Então, fomos pioneiros e isso nos rendeu um vinho muito elogiado, o Maria Rocha”, conta o produtor que já planeja entrar no mercado internacional.
 
POSSIBILIDADES
O Vale do Gongo trabalha em três frentes: produção de sucos, de vinhos e da fruta para consumo in-natura. Agora está se estruturando para receber turistas, com jantares harmonizados e atrações culturais.

Para o professor e fundador da Funorte, Ruy Muniz, que participou do 1º Seminário de Turismo Gastronômico e Enoturismo realizado em Grão Mogol no último final de semana, o município pode caminhar na mesma direção de Salinas, consagrada Capital Nacional da Cachaça.

“Somos formadores de recursos humanos e temos que formar gente com capacidade de empreender nestas áreas. Vamos estabelecer parcerias objetivando que a nossa região tenha mais emprego e mais renda. É uma mão de obra ainda incipiente, mas acreditamos que em pouco tempo será suprida”, pontua Ruy.

Ele ressalta que o projeto em Grão Mogol oferece produtos de alto valor agregado, o que favorece o desenvolvimento da economia local. “É um mercado ótimo. A mesma coisa aconteceu em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e no interior da Europa. Entregar produtos primários da agricultura, como é o caso da uva, e transformá-los numa bebida nobre”, avalia.

Para Raquel Muniz, que provou e aprovou a uva e o vinho de Grão Mogol, a alegria foi dupla. “Foi uma experiência que deu certo e dois dos sócios foram nossos alunos no Colégio Indyu. Especialistas da área mostraram a qualidade do que está sendo produzido ali e tudo isso está sendo incorporado como forma de empreender. Eles fazem treinamentos e preparam os moradores para receber os turistas. Uma decisão necessária para alavancar a economia do município”.

SAIBA MAIS
Para estruturar políticas públicas que possam alavancar ainda mais a atividade e colocar Grão Mogol e região no roteiro do enoturismo, foi realizado um seminário pioneiro no último fim de semana. Segundo o secretário de Turismo da cidade, Ítalo Mendes, esse foi o primeiro passo para sedimentar um projeto que pode colocar a cidade e região no mapa do turismo mundial, a exemplo do que já acontece no Sul do país.

“É muito importante a gente começar a se posicionar como destino de enoturismo e liderar uma agenda de políticas públicas para o setor. Não só é importante o turista perceber a gente como um lugar para tomar um vinho, aproveitando o clima mais ameno, mais frio, participando do Festival de Inverno, um evento que já existe, mas como relevante na estruturação do segmento. É o pontapé para expandir isso no Estado e no Brasil”, afirma. Ítalo revela ter articulado contato com a Secretaria de Estado de Turismo e Cultura a necessidade de elaboração de um guia de destino de enoturismo no Estado e já definiu uma segunda edição do evento para 2022. O evento reuniu nomes como o professor doutor Vander Valduga, autoridade no ramo do enoturismo; a enóloga Ana Borges; o chef de cozinha Wessery Zago; e a chef Bernadeth Guimarães.

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