Minas tem cinco incêndios florestais a cada hora; situação que é crítica pode piorar

Renata Galdino
Do Hoje em Dia
16/09/2020 às 00:04.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:33
 (corpo de bombeiros/Divulgação)

(corpo de bombeiros/Divulgação)

Só em agosto deste ano, o Corpo de Bombeiros atendeu a uma média de 125 incêndios florestais por dia em Minas – cerca de cinco a cada 60 minutos. Foram 3.899 ocorrências, contra 3.177 no mesmo mês de 2019. O aumento foi de quase 23%.

O cenário crítico deve durar até outubro. Em setembro, focos em várias partes do Estado tiveram como causa principal, estimam especialistas, a ação humana. 

Essa pode ter sido inclusive a causa do incêndio que atinge, desde segunda-feira, a Serra do Mel, em Montes Claros. O fogo, que começou em uma área rural próximo à reserva, foi controlado pelos bombeiros no final da noite de segunda, mas recomeçou ontem.

Uma frente seca que atua sobre o Estado desde a semana passada potencializa a destruição. E o que está ruim pode piorar, alerta Rodrigo Bueno Belo, coordenador operacional da Força-Tarefa Previncêndio e gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Instituto Estadual de Florestas (IEF). “A partir de quarta (hoje) deve piorar, com níveis mais baixos de umidade relativa do ar. A previsão de uma frente úmida é só a partir de domingo”, disse.

O alívio, no entanto, só deve chegar com a temporada chuvosa, no fim do próximo mês. “Estamos na época mais crítica. O fim do período de estiagem tem vegetação mais seca e umidade do ar mais baixa”, explica o tenente Lucas Silva Costa, do Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad), do Corpo de Bombeiros. 
 
DIFICULDADES
Neste ano, seguindo as estatísticas do Estado, os incêndios também estão mais intensos e frequentes em Montes Claros. Segundo dados do Corpo de Bombeiros local, o número de queimadas cresceu mais de 50% em relação ao ano passado. Saltou de 184, em 2019, para 291, em 2020.

Só na última segunda-feira, o Corpo de Bombeiros de Montes Claros atendeu oito ocorrências de incêndios florestais. No combate às chamas na Serra do Mel, foram empenhados dois militares em motopatrulhas dos Bombeiros, dois brigadistas do IEF Parque Lapa Grande, uma guarnição BM com três militares, uma viatura de combate a incêndio e um caminhão-pipa do Condomínio Gran Royalle.

“O cenário é muito triste. O Cerrado (formação da Serra do Mel) é um bioma aberto, que tem vegetação sazonal e em determinada época do ano fica bem seca, geralmente de julho a setembro. Nessas áreas, os registros de fogo são históricos, mas estão bem maiores atualmente”, frisa o professor Ubirajara Oliveira, do Instituto de Geociências (IGC) da UFMG.

Tecnologia para prever fogo
Prever os incêndios florestais para planejar o combate de maneira assertiva. Esse é o objetivo de uma tecnologia gratuita que está sendo desenvolvida pelo Centro de Sensoriamento Remoto (CSR), da UFMG, e que visa reduzir as queimadas no Cerrado. 

De acordo com os pesquisadores, o modelo é capaz de estimar quando, onde e com que intensidade o fogo irá se espalhar nas áreas de maior risco. “A ideia é apoiar os brigadistas, principalmente em unidades de conservação”, frisa o professor Ubirajara Oliveira, do Instituto de Geociências (IGC) da Federal mineira e membro do CSR.

Os dados estarão disponíveis em um mapa on-line, que está sendo aperfeiçoado. “A ferramenta se atualiza sozinha, duas vezes ao dia, em uma simulação que antevê o que vai acontecer nas próximas 24 horas. Pelo satélite, com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), sabe-se onde estão os focos e é possível prever para onde irão se alastrar e se serão intensos ou não”, explica o docente.

Assim, ainda segundo Ubirajara, é possível planejar melhor como será o combate e agir de forma mais eficiente. Segundo o professor, a tecnologia poderá ser manuseada por qualquer pessoa.


 

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