Minas perde mais árvores do que ‘ganha’, aponta monitoramento da Federal de Lavras

Luisana Gontijo
Hoje em Dia - Belo Horizonte
18/01/2021 às 23:08.
Atualizado em 05/12/2021 às 03:57
 (manoel freitas)

(manoel freitas)

Há mais árvores morrendo do que nascendo em algumas das mais importantes florestas de Minas Gerais. As variações climáticas são apontadas como fortes responsáveis por essa perda no Estado. E isso gera um círculo vicioso, já que a diminuição do número de árvores reduz a absorção de carbono da atmosfera.

Essas conclusões estão entre os mais recentes resultados apontados pelo acompanhamento de cerca de 100 mil árvores, de mais de 1.100 espécies diferentes, feito desde 1987 por pesquisadores do Laboratório de Fitogeografia e Ecologia Evolutiva da Universidade Federal de Lavras (Ufla), sob coordenação do professor Rubens Santos.

A primeira floresta monitorada pelo projeto fica no próprio campus da Ufla, conta o engenheiro florestal Vinícius Maia, mestrando em Ecologia Florestal na universidade. Com o tempo, revela, foram incorporadas outras, como florestas mais úmidas do Sul de Minas, em Ibitipoca e Bocaina de Minas, e até mais secas, no Norte do Estado, como no Peruaçu e Monte Rei.

Maia explica que o projeto consiste em, a cada cinco anos, uma equipe ir à mesma floresta, medir árvores e avaliar dados como o quanto cresceram e quais morreram. 

“É normal ter mortalidade na floresta, só que, geralmente, fica em um balanço equilibrado. Mas o carbono retirado da atmosfera pela vida era maior do que o que seria perdido pela mortalidade”, aponta o engenheiro florestal.

No entanto, informa ele, por volta de 2013, “a biomassa da mortalidade ficou maior do que o ganho, elas entraram no balanço negativo. Esse carbono das árvores mortas volta para a atmosfera”. E, segundo Maia, entre os fatores que podem ter causado isso – ainda em processo de avaliação – estão as variáveis climáticas, como a seca.
 
O QUE PODE SER FEITO
“Acredito que, reduzindo as emissões de poluentes, parando de desmatar, elas voltem ao equilíbrio. A vida sempre acha um jeito. Reverter esse quadro é uma coisa de longo prazo, mas tem como reverter. É preciso muito estudo, parcerias científicas, políticas e sociais e acabar com a ideia de que conservação e desenvolvimento econômico são antagônicos. Pelo contrário, um depende do outro”, reforça.

Para a gente entender melhor o que está acontecendo e proteger as florestas, diz o engenheiro florestal, a ciclagem do carbono é importante e afeta diretamente a economia, a produtividade agrícola.

Ele explica que, se a floresta não estiver em um bom estágio, o clima muda, as chuvas diminuem ou aumentam de forma irregular.

SAIBA MAIS
O Instituto Estadual de Florestas (IEF), por meio da Gerência de Monitoramento Territorial e Geoinformação, informou por meio de nota que monitora de forma contínua a cobertura vegetal em Minas Gerais. Este projeto teve início em 2009, em parceria com a Universidade Federal de Lavras, e a partir de 2011 passou a ser de responsabilidade exclusiva do IEF.

O principal objetivo do projeto é detectar mudanças (supressão) na cobertura do solo em um curto intervalo de tempo, possibilitando assim uma rápida ação de fiscalização nas áreas desmatadas ilegalmente. Desde 2018, o monitoramento é feito a partir de observação diária. As imagens utilizadas no projeto são do satélite Sentinele, a partir da interpretação visual delas, são detectadas diferenças na cobertura do solo e identificadas as áreas de supressão.

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