Junho é o mês da defesa do São Francisco, rio da integração nacional

Da Redação*
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03/06/2021 às 23:56.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:05
 (FÁBIO POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL)

(FÁBIO POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL)

As carrancas deram as caras mais uma vez para chamar a atenção de autoridades, poder público e da população para a necessidade de se preservar o rio da integração nacional. Nesta quinta-feira (3) foi celebrado o Dia Nacional de Mobilização em Defesa do Rio São Francisco, com o tema “Velho Chico para Todos”. Durante todo este mês, acontecerão eventos que abordarão problemas aos quais o rio está exposto.

A proposta deste ano é responder à pergunta: de quem é o Velho Chico? No debate, ganha espaço o uso múltiplo das águas do rio, muito além da geração de energia elétrica. Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), a ideia é a de que a campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico” ajude a conscientizar a população sobre a preservação do rio e mobilizar comunidades, entidades e instituições diversas para o uso responsável dos seus recursos hídricos.

“Neste ano, a campanha aborda os usos múltiplos das águas e a necessidade de concretizar o Pacto das Águas para que haja água em quantidade e qualidade para todos e para os diversos usos”, afirmou Paulo Vilela, diretor de Comunicação da TantoExpresso, empresa responsável pela comunicação do CBHSF.

Com 168 afluentes, o São Francisco é o maior rio inteiramente brasileiro. Ele percorre 2.863 km passando por seis estados: Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, além do Distrito Federal. Dezoito milhões de brasileiros dependem de suas águas.

“Se for bem cuidado e gerido, com planejamento e ações coordenadas, é possível garantir água de qualidade e em abundância a todos os que precisam”, completou Vilela. 
 
VÁRIOS USOS 
O Pacto das Águas sugere que estados e a União incorporem a questão dos recursos hídricos da bacia do São Francisco em sua vida política e institucional, de forma a garantir o uso racional e democrático da água e também estabelece compromissos e ações conjuntas prevendo ferramentas de monitoramento e revisão ao longo do tempo.

“Este é o oitavo ano da campanha e, com isso, queremos sinalizar que os reservatórios do rio São Francisco devem estar vocacionados para atender os usos múltiplos das águas e não prioritariamente, totalmente para a geração de energia hidroelétrica. Precisamos fazer essa transição, não é fácil, é questão complexa, são muitos interesses em jogo, todos legítimos, mas que podem também ser conflitantes. E a cada momento é preciso construir consenso, pactos e este é o principal trabalho institucional do Comitê, que faz um trabalho, até certo ponto, preventivo, olhando mais longe”, afirma o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda.
 
CULTURAL
O escritor e professor de literatura da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Aurélio de Lacerda destaca que o Velho Chico não é só o rio da integração nacional, mas enxerga poesia e vê o recurso como uma personagem brasileira.

“O rio São Francisco é uma personagem, e, como personagem tratada na literatura, na literatura de cordel, nos causos, nos contos, nos enredos, nas cantigas, nas cantorias, essa personagem conta seus dramas, conta também as suas festas, o seu progresso”, explica.

Imaginem as histórias e lendas contadas pelos 70 mil índios, de 32 povos, que habitam a bacia do Velho Chico? E pelos quilombolas, ribeirinhos, barranqueiros e pescadores?
 
IMPULSIONADOR DA ECONOMIA
Além de toda essa diversidade cultural, o São Francisco é um grande impulsionador da economia dos municípios situados ao longo de seu percurso, segundo a pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Maria Auxiliadora Lima. O transporte de cargas, a produção de energia elétrica, a piscicultura e o turismo estão entre os potenciais do rio.

Mas, para a especialista, a atividade agrícola é o carro-chefe do Velho Chico, com destaque para a agricultura irrigada: são mais de 150 mil hectares irrigados pelo rio. 

“Essa agricultura irrigada representa um elemento fundamental para a economia, o principal gerador de renda e desenvolvimento para as comunidades, para a região, para os municípios no entorno dessas áreas irrigadas e tem trazido benefícios sociais importantes”, destaca.

*Com Agência Brasil

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