Invasão de potós

Após chuvas e com altas temperaturas, besouros saem do habitat natural para se reproduzir na cidade

Leo Queiroz
O Norte - Montes Claros
06/11/2018 às 07:05.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:37
 (MAURO MIRANDA/DIVULGAÇÃO)

(MAURO MIRANDA/DIVULGAÇÃO)

Uma “invasão” de besouros tem incomodado moradores de Montes Claros e Januária nos últimos dias. Após as chuvas, os potós, como são conhecidos, deixaram o habitat natural e foram para o ambiente urbano para se reproduzir, atraídos pelo ambiente quente e úmido.

Os coleópteros do gênero Paederus têm chamado a atenção para uma maior infestação em algumas áreas da cidade. Eles aparecem, principalmente, próximo a lâmpadas.

Se pressionados contra a pele, provocam queimaduras que ardem, e também exalam mau cheiro. Sem contar no barulho e no incômodo para dormir – há quem coloque algodão nos ouvidos para impedir que o animal entre no orifício.

Alguns casos já chegaram ao Hospital Universitário Clemente de Faria. O besouro é retirado do canal auditivo e o paciente é liberado.
 
FAKE NEWS
A assessoria da unidade de saúde divulgou uma nota negando que um paciente teria ficado cego em decorrência de um ataque do potó, conforme relato amplamente divulgado nas redes sociais.

De acordo com a bióloga Mônica Durães Braga, professora universitária, pesquisadora, consultora e perita ambiental, os acidentes com a toxina do potó são, em geral, lesões de pele semelhantes a queimaduras, sendo extremamente perigoso para os olhos.

“O potó não morde nem pica, apenas libera a toxina por se sentir ameaçado, geralmente quando pressionados contra a pele. Também não há relato de transmissão de doenças por esses seres. Inclusive, são considerados predadores de outros insetos”.

A bióloga afirma ainda que o controle por meio de inseticida não é eficaz. De acordo com ela, o que se deve fazer é prevenir a entrada do inseto nas casas com a instalação de telas nas janelas, mantendo as portas e janelas fechadas durante a noite em áreas de grande infestação e ainda evitar ou reduzir a luz neste período.
 
PREDADORES
Mônica alerta para os moradores não “espantarem” lagartixa e sapos, predadores naturais do besouro, ajudando no controle dessa população.

“Os potós, devido à substância que produzem, possuem poucos predadores, por isso persistem mais. Mas, naturalmente, passando o período de reprodução, eles desaparecerão. O ideal é se prevenir e aguardar”, orientou a bióloga.

Uma das vítimas do pequeno animal foi o estudante Gabriel Fróes, de 10 anos. Ele foi surpreendido por um besouro enquanto assistia TV em casa. O garoto conta que o potó entrou pela janela durante a chuva. Ao se assustar, Gabriel pressionou o inseto para espantá-lo, momento em que o bicho liberou a toxina no pescoço e no ombro dele.

“Ardeu muito”, conta o menino, que teve o ferimento lavado com água e sabão e logo em seguida foi levado ao hospital para receber atendimento médico – foi recomendado o uso de uma pomada.
 
CUIDADOS
De acordo com Luciana Santana, diretora do Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro, após o paciente sofrer queimadura pelo besouro, é necessário lavar apenas com água e sabão e procurar o pronto-atendimento ou PSF mais próximo, onde o médico irá avaliar a necessidade de algum cuidado hospitalar ou ambulatorial.

O local nunca deve ser enfaixado, espremido, nem passar borra de café ou qualquer outro produto, alerta Luciana.

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