Incêndios nos parques estaduais de Minas mais que dobram em menos de um mês

Renata Galdino
Hoje em Dia - Belo Horizonte
02/10/2020 às 05:48.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:41
 (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/divulgação )

(Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/divulgação )

Os incêndios dentro de parques estaduais mineiros mais que dobraram em menos de 30 dias. Em agosto, foram 77 ocorrências contra 179 registradas de 1º a 29 de setembro, conforme dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad). O aumento chega a 132% e deve subir ainda mais.

Para se ter uma ideia, só na terça-feira as equipes estavam combatendo 14 queimadas florestais. Uma das áreas mais atingidas era o Monumento Natural Gruta Rei do Mato, em Sete Lagoas, na região Central, que tem 150 hectares.

Mas, de acordo com o Corpo de Bombeiros, pelo menos 100 hectares da unidade de conservação já tinham sido consumidos pelas chamas.

No Parque da Serra do Cipó, em Santana do Riacho, na Região Central de Minas, o fogo também vem fazendo grandes estragos desde o início da semana. Pelo menos 1,8 mil hectares de vegetação já foram consumidos pelo fogo, de acordo com o Corpo de Bombeiros.

Já em Lima Duarte, na Zona da Mata, é o Parque Estadual do Ibitipoca que preocupa. Conforme a corporação, cerca de 500 hectares da reserva foram queimados. 

O cenário de cinzas adiou a reabertura ao público, que iria acontecer na quarta-feira. A unidade estava fechada há seis meses em função da pandemia de Covid-19. “Agora terão que organizar tudo de novo. O parque já estava preparado para retomar as atividades”, lamentou Ronaldo de Moraes, secretário da Associação dos Moradores e Amigos do Ibitipoca (Amai).
 
POR TODO O ESTADO
As ocorrências estão espalhadas por vários pontos de Minas, destaca Rodrigo Belo, gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Instituto Estadual de Florestas (IEF). 

A combinação de vários meses sem chuvas, tempo seco e temperatura alta ajuda a propagar o fogo. “Porém, isso sozinho não seria problema se não fosse a ação humana. Incêndios florestais não se iniciam simplesmente pelo fator de estar seco”, observa Rodrigo, que também é coordenador operacional da Força-Tarefa Previncêndio.

O desafio, no entanto, é encontrar e punir os infratores. Em nota, a Polícia Civil informou que, para decidir se haverá inquérito de investigação, indícios coletados pelo Corpo de Bombeiros na área atingida são periciados. 

“Uma grande dificuldade encontrada para a investigação é de que muitas vezes não há uma motivação clara para a prática do incêndio”. 

Denúncias podem ser feitas, pessoalmente, tanto nas delegacias quanto na Polícia Militar. Por telefone, pelos números 197, 190 e 181.

SAIBA MAIS
No Norte de Minas, o fogo também tem feito estragos. Depois de incêndio na Serra do Mel, em Montes Claros, o palco das chamas agora é o Parque Nacional das Sempre-Vivas, em Buenópolis. Vinte e quatro brigadistas estão envolvidos em ações, desde domingo, em focos na região do Arrenegado, Vargem do Cassimiro e Brejão. 
 
Eles contam com o apoio de quatro viaturas da unidade de conservação, gerenciada pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). Duas aeronaves Air Tractor também estão a serviço da Coordenação de Prevenção e Combate a Incêndios do ICMBio.
 
Dois analistas ambientais do Parque Nacional estavam ontem em Buenópolis para coordenação das operações aéreas, que contam ainda com o apoio de funcionários do Parque Estadual da Serra do Cabral, no campo de aviação.
 
Já foram queimados, no mínimo, dois mil hectares, atingindo áreas importantíssimas para conservação, como matas e nascentes e afluentes que alimentam os rios Curimataí e Jequitaí, que abastecem diretamente as comunidades de Pé-de-Serra, Curimataí e Santa Rita, em Buenópolis.

Colaborou Christine Antonini

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