Grito por socorro

Diretor do Museu do Velho Chico defende “guerrilha cívica” para evitar degradação do rio

Manoel Freitas - Enviado Especial
Montes Claros
19/06/2018 às 07:39.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:49
 ( MANOEL FREITAS)

( MANOEL FREITAS)

JANUÁRIA – Pescadores invocaram a ajuda de vários santos para que o São Francisco volte à vida de esplendor e abundância. São Pedro, São Vicente de Paulo, Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora Aparecida foram reforços de peso na “romaria” feita com barcos por 16 quilômetros entre Pedras de Maria da Cruz e Januária, no fim de semana. A procissão pelo rio abriu as ações em defesa do Velho Chico, rio da integração nacional que clama por socorro.

O movimento “Eu viro Carranca para defender o Velho Chico” foi realizado em Januária, no Vale do Peruaçu, em Minas, e em Aracaju, capital de Sergipe. 

Os participantes da procissão foram recebidos às margens do rio, na cidade mineira, por várias autoridades e pessoas da comunidade que se uniram em defesa do rio. O local foi enfeitado com esculturas de carrancas, símbolo de proteção e cultura do Velho Chico, do qual dependem 18 milhões de brasileiros.

Na chegada dos pescadores a Januária, o ambientalista Antonio Jackson Borges Lima, criador e diretor fundador do Museu do Velho Chico, lamenta o fato de o rio está abandonado. Lima já soma 52 anos de luta em defesa do rio. “O comitê criou esse dia para a gente fazer uma reflexão, mas eu acho que luta boa é aquela que travamos todo dia”, afirmou.

Lima destacou que a situação do rio é crítica nos 505 municípios que estão às suas margens, lembrando que apenas em Lagoa da Prata, em Minas, o esgoto despejado no leito é tratado.

Integrante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Lima disse estar pessimista em relação à revitalização do rio que banha 57% do semiárido brasileiro. “Mas ainda não perdi a esperança, razão pela qual acho que precisamos não apenas de declarações de amor ao Velho Chico, mas tomar uma posição cidadã, ou seja, transformar esse amor que a gente tanto fala em prática, em ação e talvez quem sabe até mesmo em uma guerrilha cívica para a gente brigar realmente por essa água”, enfatiza. 

Durante o encontro, ocorreram manifestações folclóricas, shows de artistas locais, exposição de artesanato, comidas e bebidas típicas. 

União de todos pela revitalização
A mobilização em Januária foi realizada para chamar a atenção dos governantes e da população para a situação crítica do rio São Francisco. 

A deputada federal Raquel Muniz (PSD) disse que o movimento “Eu viro Carranca para defender o Velho Chico” foi abraçado pelas populações ribeirinhas e que um dos objetivos principais é a reivindicação de melhorias, “sobretudo em face aos prejuízos causados em decorrência da recente redução da vazão na Usina Hidrelétrica de Três Marias”.

A presidente da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados destacou que a ação se reveste de maior importância ainda “porque uniu pescadores, comunidades indígenas, quilombolas, pesquisadores, gestores públicos, numa grande mobilização regional, razão pela qual trabalha na Comissão de Orçamento para garantir recursos para a revitalização”.

O capitão de Corveta Alessandro Amilton Maia Nonato, da Capitania Fluvial do São Francisco, disse que é preciso abraçar o rio. “Como autoridade marítima, a Capitania Fluvial se junta aos barranqueiros em prol da conservação e pela perenidade do Velho Chico”.

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