(manoel freitas)
Quase R$ 500 mil foram liberados pelo governo de Minas para socorrer o cultivo do pequi no Norte de Minas. O recurso é destinado ao Fundo Pró-Pequi, para o desenvolvimento de pesquisas sobre o alto índice de mortalidade das tradicionais árvores frutíferas do Cerrado mineiro. Em algumas regiões, a mortalidade alcança 60% das plantas, comprometendo a competitividade e a sustentabilidade do arranjo produtivo, estratégico para o sustento das famílias e para a economia local.
O pequi é o principal produto florestal não madeireiro extraído do Cerrado. Com mais de 3 milhões de plantas produtivas, Minas Gerais responde por 70% da produção nacional do fruto. Em 2019, o volume estadual alcançou pouco mais de 203 mil toneladas.
A comercialização do pequi e seus produtos corresponde a uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) de alguns municípios da região, envolvendo mais de 15 mil famílias extrativistas, que têm na atividade sua principal fonte de emprego e renda.
Um exemplo é o município de Japonvar, onde o extrativismo do pequi faz parte da cultura e da economia local. De acordo com levantamentos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), o município possui quase 2 mil catadores e mais de 160 mil pequizeiros, com a exploração de quase todas as árvores.
FUNDO PRÓ-PEQUI
Segundo o subsecretário de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural Sustentável da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Ricardo Peres Demicheli, o Pró-Pequi é uma das principais políticas públicas do governo de Minas, voltada para a sustentabilidade das espécies nativas do Cerrado.
Ações começam neste ano
Coordenado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), o projeto “Causas bióticas e abióticas da mortalidade dos pequizeiros no Norte de Minas e estratégias de manejo, manutenção da diversidade e da qualidade” será executado a partir deste ano, em parceria com a Emater-MG, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
A pesquisadora e coordenadora do Programa Estadual de Pesquisa em Fruticultura da Epamig, Maria Geralda Vilela, explica que o projeto de pesquisa aprovado pelo Conselho do Pró-Pequi é constituído de oito metas, dentre elas levantamento e identificação de pragas e doenças do pequizeiro em condições naturais do Norte de Minas; manejo da “Broca do Tronco”; propagação e repovoamento de pequizeiros no campo; micropropagação, com o objetivo de aumentar a oferta de plantas para os coletadores e a quem deseja se dedicar à produção; plantio experimental em pequenas unidades em locais estratégicos.
Na avaliação da pesquisadora, o projeto está estruturado para identificar o problema e apresentar soluções ao produtor, ao mesmo tempo em que se analisa a possibilidade de repovoamento ou implantação de unidades produtivas, a manutenção da diversidade das plantas e o manejo da praga.
“O pequi é uma planta protegida por lei, está em áreas igualmente protegidas, não sendo possível o uso de defensivos. A Epamig e as instituições parceiras foram chamadas para dar uma resposta à questão da mortalidade das plantas, que é alta e rápida. Esse recurso vem subsidiar e fortalecer as ações de pesquisa na apresentação de respostas que atendam às demandas da cadeia produtiva”, afirma.
*Com Agência Minas