Fôlego para 2 milhões

Mineiros com dívidas de até R$ 500 poderão usar FGTS para equilibrar contas

Paulo Henrique Lobato
15/08/2019 às 07:11.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:00
 (RIVA MOREIRA/HOJE EM DIA)

(RIVA MOREIRA/HOJE EM DIA)

A 29 dias do início dos saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a balconista Bianca Aparecida do Carmo planeja retirar o limite autorizado pelo Ministério da Economia, de R$ 500, para quitar uma conta em atraso. “Devo bem menos que este valor a uma prestadora de serviço, mas vou sacar e quitar”.

Esse deve ser o caminho de muitos mineiros que se encontram na mesma situação. Levantamento do Serasa Experian mostra que quase 2,1 milhões de moradores do Estado estão com dívidas em atraso de até R$ 500. Como há muitos mineiros com mais de uma dívida, o total de débitos na base da Serasa, no valor de até R$ 500, se aproxima dos 3,9 milhões de registros.

Bianca, a balconista, não chegou a ter o nome inscrito em lista de maus pagadores, mas quer “ficar livre da dívida”. 

Diante de perfis como o dela e dos números da Serasa, economistas e lojistas estão otimistas com a possibilidade de consumidores usarem o saque para quitar pendências.

“Se R$ 500 resolverem o problema, ótimo. Se o saldo da dívida for maior do que o valor a ser sacado, vale a pena renegociar a diferença e pagar quantas parcelas puder”, orientou o economista-chefe da Serasa, Luiz Rabi.

Em todo o país, segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), quase quatro em cada dez pessoas estão com o nome negativado por dívidas que somam o mesmo valor.

“Esse valor de R$ 500 pode parecer pouco para alguns, mas é a metade de um salário mínimo. Para quem está com contas em atraso, esse recurso extra poderá aliviar o bolso. Mesmo para quem tem uma dívida maior, esse dinheiro pode ser usado para abater parte do débito e contribuir em uma renegociação com parcelas menores, que possam caber no orçamento”, considerou o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

A maioria dos brasileiros (53%) deve no máximo R$ 1 mil, cifra quase idêntica a um salário mínimo (R$ 998).

Os 2,1milhões de mineiros que devem até R$ 500 representam quase um terço do total de moradores do Estado na lista de inadimplentes da Serasa, independentemente do total da dívida.
 
INJEÇÃO
Nas contas da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, a liberação de até R$ 500 em cada conta ativa ou inativa irá injetar R$ 28 bilhões no mercado. Levando-se em conta os saques em 2020, quando os trabalhadores poderão retirar parte do FGTS na nova modalidade criada pelo governo, batizada de saque-aniversário, outros R$ 12 bilhões poderão ser aplicados na economia doméstica, totalizando R$ 40 bilhões.

Este valor anima comerciantes, como Mércia Campos, gerente de uma lanchonete em Belo Horizonte. Para ela, muita gente que não está com pendência financeira vai sacar o valor por diferentes motivos. “Se a pessoa deixar no FGTS, por exemplo, não poderá sacar quando desejar. Já se retirar e investir em outra aplicação, como a poupança, poderá retirar quando precisar”.

Sem falar que a rentabilidade no FGTS é inferior a outras aplicações, mesmo após a taxa básica de juro, a Selic, ter sido reduzida de 6,5% para 6%, na semana passada, pelo Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central. 

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