Estado assume cidades órfãs da ‘Carro-Pipa’; operação realizada pelo Exército será suspensa

Márcia Vieira
O NORTE
04/09/2021 às 08:54.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:49
 (Ascom Francisco Sá/divulgação)

(Ascom Francisco Sá/divulgação)

Após o Exército anunciar que não realizaria mais a Operação Carro-Pipa no Norte de Minas, o que geraria uma perda muito grande para os cinco municípios que dependem do serviço para ter água, o Estado decidiu assumir a função.

A Coordenadoria Estadual da Defesa Civil de Minas vai integrar essas cidades à Operação Transporte e Distribuição de Água Potável (TDAP), que hoje atende 84 municípios da região.

O serviço realizado pelo Exército será suspenso a partir de 20 de setembro em Espinosa, Francisco Sá, Jaíba, Manga e Itaobim.

O comunicado de suspensão foi feito aos prefeitos pelo 55º Batalhão de Infantaria em 12 de agosto. A justificativa é a de que não haveria disponibilidade financeira do governo federal para dar continuidade à ação.

“Após conversarmos com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), iniciamos as tratativas com os municípios, uma vez que a operação da Defesa Civil não pode começar enquanto a do Exército não acabar. Todos os esforços estão sendo envidados para que, a partir de 20 de setembro, todos esses cinco municípios sejam atendidos”, afirma o coronel Osvaldo de Souza Marques, chefe do Gabinete Militar do Governador e coordenador estadual da Defesa Civil.

Segundo ele, o procedimento de substituição do serviço tem sido realizado em conjunto com a União, que vai garantir o repasse financeiro.

O prefeito de Francisco Sá, Mário Osvaldo Casasanta, conta que ficou surpreso e apreensivo com a situação, porque o município não teria como suprir essa demanda. 

“Estamos em um período crítico da seca e a cidade não tem rios. Os poços artesianos não seriam suficientes para o abastecimento e, além disso, têm uma água salgada, que não é indicada para consumo humano. Os nossos carros-pipa já estão comprometidos para trabalho”, afirma.
 
ALÍVIO
Mas a preocupação deu lugar ao alívio quando o prefeito foi informado da decisão do Estado de “adotar” o município. “Ficamos aliviados com a inclusão de Francisco Sá e os outros municípios. Agora, trataremos da parte burocrática e aguardamos para que não haja interrupção. Os distritos precisam dessa água”, diz Mário.

O coordenador da Defesa Civil de Francisco Sá, Jorge Dias, revela que o atendimento chega a 4 mil pessoas. “Temos 290 Postos de Abastecimento (PA) e o cadastramento é feito levando em conta a quantidade de famílias em um raio de 500 metros. Elas recebem um cartão e têm direito a determinada quantidade de água por dia, de acordo com o número de pessoas na casa. Essa água é para beber e cozinhar”, conta.

A documentação exigida para a migração do responsável pelo atendimento já está em andamento.

SAIBA MAIS
Em Espinosa, cerca de 3 mil pessoas são atendidas pelo programa. A preocupação da Defesa Civil, agora, gira em torno da distribuição.
“Nossa região é muito seca e com uma grande população rural. Com a saída do Exército poderá haver alguma dificuldade, mas vamos unir as forças para não sacrificar nosso povo com a falta de água”, diz João Boa Sorte, coordenador da Defesa Civil da cidade.

O secretário Nacional de Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas Alves, que coordenou por muitos anos a Defesa Civil em Minas, destaca que “a Defesa Civil do Estado tem expertise na distribuição de água no Norte de Minas, tecnologia para o monitoramento e o governo continuará repassando recursos para o Estado com essa finalidade”.

Até o fechamento da edição o Comando Militar do Nordeste, responsável pelo 55º BI não deu retorno ao contato da reportagem.

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