Economia de Minas perde mais sem isolamento social, diz estudo da UFMG

Pesquisa de economistas mostra que, sem quarentena, perda do Estado seria R$ 50 bilhões superior à prevista com distanciamento social

Da Redação*
Hoje em Dia - Belo Horizonte
15/05/2020 às 01:38.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:30
 (Divulgação)

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Suspender o isolamento social durante a pandemia do coronavírus pode representar, para a economia de Minas Gerais, uma perda ampliada em R$ 50 bilhões. Estudo assinado por dez economistas do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), indica que sem as medidas de isolamento social a perda da economia mineira seria quatro vezes maior do que em caso de manter a quarentena.

“De acordo com nossos resultados, o cenário de ‘distanciamento estendido’ implicaria uma queda de -1% no PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas) de Minas Gerais. O cenário ‘sem distanciamento’ resultaria em uma queda total no PIB do estado da ordem de -4%”, descreve a análise disponível na internet.

Em valores monetários, os economistas calculam que “acabar com o isolamento eleva a perda na economia de Minas Gerais em cerca de R$ 50 bilhões. O cenário de ‘distanciamento estendido’ equivaleria a uma perda de R$ 19 bilhões no PIB de Minas, enquanto que para o cenário ‘sem distanciamento’ essa perda seria de R$ 69 bilhões”.

Para os autores do estudo, “o cenário sem isolamento, dada a maior taxa de fatalidades e adoecimento, é o que promove a maior queda na produtividade”. Os setores mais impactados seriam de indústria e serviços.

A análise conclui que o maior isolamento social tem benefícios econômicos. “Poupar vidas e a capacidade de atendimento do sistema de saúde para a maioria da população é um ganho econômico relevante”. 
 
ISOLAMENTO CAI
Os economistas, no entanto, consideram que “a sociedade parece ter dificuldade em avaliar os benefícios que as estratégias de isolamento trazem” para evitar a proliferação da Covid-19.

Prova disso é que o isolamento social em Minas vem caindo desde abril, chegando agora a 39,2% de adesão. Essa taxa coloca o Estado como o quarto pior do país em isolamento social.

Minas só ganha de Goiás (36,9%), Tocantins (37,5%) e Mato Grosso (39%). Os números são referentes a quarta-feira (13).

O levantamento é da In Loco, que analisa a localização de 60 milhões de brasileiros por meio do GPS de celulares. Apesar do monitoramento, a empresa de tecnologia assegura a privacidade e anonimato das pessoas. 

O índice registrado no território mineiro é considerado baixo e preocupa especialistas, que temem o aumento das notificações de Covid-19. Além disso, a amostragem aponta que o cenário piorou. Na última quinta-feira (7), pesquisa da mesma empresa indicava que 40,3% dos mineiros estavam em quarentena.

Minas tem 3.950 casos confirmados e 139 mortes pela doença. São 217 novos diagnósticos e quatro óbitos nas últimas 24 horas, conforme balanço divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). Infectologistas alertam que a flexibilização, feita pela própria população, coloca em risco todo o trabalho desenvolvido até o momento.

Para o médico Unaí Tupinambás, que integra o Comitê de Combate à Covid-19 em Belo Horizonte, a taxa de isolamento ideal é de no mínimo 50%. 

“O número de casos pode aumentar de forma exponencial, dobrando a cada quatro dias. Isso levaria ao colapso do sistema de saúde e aumento da mortalidade”, alertou o infectologista. O especialista reforça que, quem puder, deve permanecer em casa.

*Com Agência Brasil e Renata Evangelista, do Hoje em Dia

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