(PMMG/Divulgação)
“Vivi um casamento em que sofri violência doméstica. Aguentei a situação durante 15 anos até chegar ao ponto em que ele colocou fogo em mim. Tenho pino no braço por causa disso. Na época, procurei a Justiça e foi determinada a medida protetiva. Mas, com a distância de 500 metros, ele ainda poderia me atingir. Há oito anos sou separada, graças a Deus não fiquei com sequela psicológica, me reergui. Soube que ele está casado novamente e que a companheira também sofre agressão. Aconselho as mulheres que estão na mesma situação a procurarem a Justiça. Eu consegui sair e criar minha filha sozinha, mas infelizmente nem toda pessoa tem a mesma sorte de sobreviver”.
O relato dessa montes-clarense retrata o que milhares de brasileiras enfrentam dentro de casa, caladas, com medo de pedir por socorro e sofrerem ainda mais, ou serem mortas. Apesar de o país ter uma das leis mais avançadas no enfrentamento à violência contra a mulher, a Maria da Penha, os números de ocorrências não regridem.
Desde o início da pandemia da Covid-19, os índices de feminicídio cresceram 22,2% em comparação com os meses de março e abril de 2019. Os dados foram publicados em maio de 2021 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Para alertar a sociedade sobre essa situação de abusos, várias ações serão feitas durante este mês em todo o país, em que é celebrado o “Agosto Lilás”.
AÇÕES
No Norte de Minas, a 11ª Região da Polícia Militar vai realizar ações nos 77 municípios da jurisdição. De acordo com a tenente Mônica Zuba, a campanha comemora o marco jurídico que é a Lei 11.340 (Lei Maria da Penha), sancionada em 2006. Violências física, sexual, patrimonial, psicológica e moral estão enquadradas na lei e entram no alvo da campanha.
“Serão realizadas ações preventivas e educativas para conscientização e mobilização da sociedade na aplicação e instituição de medidas para coibir todas as formas de violência contra a mulher, além de fomentar a denúncia de práticas ilegais”, explica a militar.
Serão feitas blitze educativas nas regiões de maior concentração de ocorrência, reuniões com demais órgãos que compõem a rede de enfrentamento e capacitação dos militares. “Nossas equipes de patrulha de prevenção estarão à frente dessas ações, mobilizando a comunidade”, diz a tenente.
Segundo ela, o nível de violência empregada nos casos registrados aumentou durante a pandemia. “Isso nos preocupa e queremos mobilizar a comunidade em prol dessa campanha para evitar o agravamento dos casos e evolução até para o feminicídio”, afirma.
*Com Agência Brasil