De volta ao Velho Chico

Recuperar o Benjamin Guimarães para retomar navegação custará cerca de R$ 3 milhões

Manoel Freitas
12/04/2019 às 07:55.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:12
 ( DIVULGAÇÃO)

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Voltar a alimentar as caldeiras do vapor Benjamin Guimarães e colocá-lo para navegar novamente nas águas do rio São Francisco, em Pirapora, no Norte de Minas, está nos planos do governo de Minas, como foi anunciado nesta semana pelo secretário de Estado de Turismo, Marcelo Matte.

Mas para que o maior símbolo da cultura barranqueira volte a cruzar as águas barrentas do Velho Chico são necessários cerca de R$ 3 milhões para a restauração da embarcação e R$ 85 mil para a contratação do projeto executivo, segundo estimativas do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), que seria responsável por realizar a licitação.

A intenção é devolver o vapor – movido a lenha – ao rio São Francisco para fazer pequenos passeios turísticos entre Pirapora e Barra de Guaicuí, distrito de Várzea da Palma, uma vez que o baixo nível das águas do Velho Chico e os instrumentos da embarcação permitem navegação lenta, de no máximo 8 milhas/h, ou 14,8 quilômetros/h.

O projeto de reativar o Benjamin Guimarães integra um programa do governo de Minas para fortalecer o Circuito Turístico do Estado, formado por 47 trajetos em 567 cidades.

Hoje, de acordo com as normas de segurança da Marinha, nas atuais condições em que a embarcação se encontra, está autorizado a navegar na chamada área um, ou seja, rio, lago e correnteza que não tenha ondas ou ventos fortes.

O sonho da comunidade de que o Benjamin Guimarães volte a navegar pode se tornar realidade 24 anos após sua maior reforma, através de parcerias público-privadas (PPPs).
 
SEGURANÇA
O vapor encontra-se atracado no porto da Capitania Fluvial do São Francisco em Pirapora, desde 29 agosto de 2014, sem de licença de tráfego. Segundo o comandante da Capitania Fluvial do São Francisco em Pirapora, José Carlos Eusébio, “o documento não pode ser renovado porque a vistoria detectou deficiências no chapeamento com diversos rasgos e furos no casco, comprometendo a segurança da navegação e a vida humana”.

Além disso, o comandante observou que “de 2014 para cá o processo de deterioração só vem aumentando, de modo que, para voltar a navegar, o vapor precisa de uma restauração completa e, a partir daí, nova inspeção”.

Palco nobre para sinfonia
Construído em 1913 nos Estados Unidos, o vapor é um dos principais atrativos de Pirapora, recebendo turistas de todo o Brasil. Atualmente, serve de palco para a “Sinfonia Velho Chico”, formada por músicos da Orquestra Sinfônica Jovem de Pirapora.

Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de Pirapora, proprietária do vapor, “ele navegava até 2014 e a Empresa Municipal de Turismo de Pirapora (Emutur) organizava passeios, geralmente nos fins de semana e feriados, atraindo pessoas de várias partes do Brasil e do mundo”.

O vapor mantém todas as características originais do século passado, com casa de máquinas, caldeira, banheiros e uma área para abrigar passageiros.

A prefeita de Pirapora, Marcella Fonseca, explica que quando assumiu o cargo, o vapor já estava parado por falta de reforma. “Diante da sua importância cultural, pois temos certeza que a presença dele no município foi crucial para deixar a cidade conhecida no cenário nacional e mundial, montamos uma equipe que fez o projeto da reforma e agora estamos na expectativa de que o novo governo regularize as contas do Estado e possa investir, até mesmo por meio de um convênio federal com o Ministério do Turismo ou uma Parceria Público-Privada para viabilizar a recuperação do nosso Benjamim”, explicou a prefeita.
 
HISTÓRIA
O Benjamin Guimarães navegou primeiramente no rio Mississípi (EUA), transportando carvão, algodão e madeira do Minnesota ao porto de Nova Orleans.

Posteriormente, a embarcação navegou em rios da Bacia Amazônica e, na segunda metade da década de 1920, passou a realizar contínuas viagens ao longo das corredeiras do rio São Francisco e em alguns dos seus afluentes.

Mais do que uma viagem, uma aventura que enchia o Velho Chico de gente e movimento no trecho Pirapora e Juazeiro, no Norte da Bahia. Chegava a levar centenas de passageiros a bordo, que se dividiam em primeira, segunda e terceira classes.

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