Cresce o número de golpes virtuais durante pandemia

Renata Galdino e Christine Antonini
Hoje em Dia - Belo Horizonte
30/05/2020 às 01:14.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:38
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Não bastassem o medo e as incertezas trazidos pela pandemia de Covid-19, a população ainda tem que lidar com criminosos cada vez mais ousados. Só nos primeiros quatro meses deste ano foram registradas 505 ocorrências de estelionato virtual na Polícia Civil de Montes Claros. O número representa um aumento de 18% em relação a todo o ano passado.

O relatório da Polícia Civil ainda aponta que também disparou o número de crimes virtuais, como invasão de computadores (hacking), roubo de senhas, violação de dados de usuários e divulgação de informações privadas (como fotos, mensagens etc), além de vendas falsas em que o golpista não entrega o produto ofertado que, às vezes, nem existe. 

Em 2018 foram registrados 36 casos deste tipo, 40 em 2019 e, de janeiro a abril deste ano, 91. Ângelo Neto caiu em um golpe na compra de uma motocicleta que estava sendo ofertada na internet. Ele chegou a ver a moto e combinou com o suposto vendedor de depositar o dinheiro e pegar o veículo na hora. Porém, não foi isso o que aconteceu. O prejuízo foi de R$ 12 mil.

“Fomos juntos ao banco e o golpista ficou aguardando do lado de fora. Quando fiz o depósito e saí da agência, ele já não estava mais lá e ainda teve a audácia de me mandar uma mensagem dizendo ser golpe”, conta Ângelo, que ainda não teve o valor recuperado.

O comerciante Lucas Silva teve o WhatsApp clonado após cair em um golpe em um grupo de vendas pela internet. O golpista se passou por Lucas e pediu aos contatos dele que depositassem R$ 200. O dinheiro seria para pagar um boleto.

“Anunciei um lote em um site de vendas e uma pessoa me ligou se passando por administrador deste site. Nesse meio tempo, conseguiram clonar meu número e pediram dinheiro. Ainda bem que consegui avisar a todos a tempo e ninguém ficou no prejuízo”, afirma o comerciante.
 
ESTRATÉGIAS
Geralmente, a apresentação de uma oportunidade imperdível, como o preço de uma televisão bem abaixo do que é praticado, é uma das iscas lançadas por estelionatários virtuais que buscam obter dados pessoais para serem usados em fraudes. Mensagens no celular e e-mails com links suspeitos também são artimanhas usadas.

Com a pandemia, porém, os bandidos têm aproveitado a vulnerabilidade das pessoas para praticar crimes, alertam especialistas. “Notícia ruim não chega pela internet. Existe quem quer ter vantagem em tudo. A internet é uma comodidade, mas também facilitou para o criminoso”, destaca o ex-delegado federal José Roberto Lima, professor do curso de Direito das Faculdades Kennedy.

SAIBA MAIS
Fraudes no auxílio financeiro da Caixa Econômica Federal e nas lives musicais e links falsos sobre distribuição gratuita de álcool gel são algumas ações criminosas registradas durante a pandemia de Covid-19.

No caso das apresentações dos cantores, principalmente os sertanejos, o alvo era a doação que os internautas estavam fazendo, por meio do QR Code, para ajudar pessoas afetadas pelo atual cenário. Porém, quem acessava as lives por outros links que não os perfis oficiais acabou “contribuindo” para os bandidos, que criaram canais de transmissão e códigos falsos para roubar as doações.

No caso do auxílio da Caixa, até mesmo o filho do jornalista William Bonner foi alvo dos estelionatários, que usaram dados pessoais do jovem para solicitar o benefício. A conta chegou a ser aprovada e o dinheiro seria repassado a uma conta digital criada para esse fim.

E-mails e links no WhatsApp sobre a distribuição de álcool em gel também ganharam as redes sociais justamente no período em que o produto estava em falta no mercado. Nomes de grandes empresas, inclusive, foram usados para dar mais credibilidade à informação.

“Os bandidos estão sempre um passo à frente, e as empresas vão corrigindo, melhorando a segurança, à medida que os problemas acontecem. Mas as pessoas precisam ter mais cuidado, instalar um antivírus nos aparelhos e não sair acreditando em tudo que recebem”, frisa o ex-delegado da Polícia Federal (PF) José Roberto Lima.

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