Coquinho azedo pode sumir

Pesquisa busca minimizar os riscos de extinção de um dos principais frutos do Cerrado

Christine Antonini
18/05/2019 às 10:37.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:43
 (TIAGO SANTIAGO/UFMG)

(TIAGO SANTIAGO/UFMG)

O coquinho azedo, uma das principais frutas do grande Cerrado norte-mineiro, corre o risco de desaparecer das matas. A planta, uma palmeira nativa encontrada em beira de estradas ou matagais, é de grande importância econômica e ecológica. Apesar disso, o fruto gerado e classificado como espécie vulnerável à extinção no Livro Vermelho da Flora do Brasil. O risco pode ser atribuído a uma combi-nação de extrativismo e desmatamento.

Wlly Polliana Dias, pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolveu estudo para impedir o desaparecimento da espécie, cujo fruto é consumido in natura e também em forma de sucos, polpas, picolés, geleias, licores e sorvetes. 

A pesquisa aponta a emissão de inflores-cências (parte da planta onde se localizam as flores) da planta e fez uma des-crição detalhada da biologia reprodutiva da planta, incluindo uma avaliação da capacidade de armazenamento do pólen. 

De acordo com a pesquisadora, o estudo foi desenvolvido em três etapas. A primeira foi a caracterização da semiologia da planta, depois a emissão de folhas que estão ligadas diretamente a fruta e a última etapa foi o estudo da parte reprodutiva. 

“Na primeira fase avaliamos durante 45 dias o aparecimento de tipos de semiologia do florescer em algumas plantas e como se comportavam, de acordo com o cultivo. A segunda parte do trabalho foi estudar a folhagem, pois ela está ligada diretamente às “axilas” das folhas, que são de extrema importância para o cultivo do coquinho azedo. Por último avaliamos em duas épocas (de chuva e seca) a parte reprodutiva do grão de pólen”, explica Wlly a pesquisadora, mestre em produção vegetal. 

CAMINHOS 
A pesquisadora DA UFMG explica que uma das soluções para evitar a extinção do coquinho azedo é não propagar o extrativismo da planta. Outro caminho para salvar a espécie foi estudar alguns fenômenos percebidos no manejo da planta. 

“O coquinho azedo é divido em sexos (masculino e feminino). Isso é um fenômeno que percebemos que as flores masculinas abrem primeiro e ficam assim por 15 dias. Depois elas se fecham por nove, dando a vez para as flores femininas que se abrem para que haja a polinização. Esse é o ‘casamento perfeito’”, ressalta Dias.

Ainda segundo a pesquisadora, o estudo revelou que em temperaturas mais elevadas e com chuva as plantas possuem mais flores e, consequentemente, produzem mais frutos. 

“O coquinho azedo é uma planta nativa, não existe comercialização. O que temos é o extrativismo e quando tira da terra e não repõe há consequências. Novos estudos relacionados ao assunto favorecem a construção de novos cenários para a comercialização da planta para garantir o consumo, mas no momento, temos que manter o que temos”, defende. 

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