Contágio da Covid-19 avança duas vezes mais rápido no interior que em Belo Horizonte

Renato Fonseca e Renata Evangelista
Hoje em Dia - Belo Horizonte
23/06/2020 às 02:47.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:50
 (Arte)

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O ritmo de contágio por Covid-19 no interior de Minas é duas vezes maior do que em BH e cidades vizinhas. A velocidade com que a doença se espalhou nos últimos 30 dias em municípios distantes ou que não dependem dos hospitais da capital preocupa diante do risco de colapso no sistema de saúde. O próprio Estado já admitiu a possibilidade de lockdown em locais mais críticos. O comparativo para cravar que o número de doentes se espalha mais rápido pelo interior leva em conta a divisão administrativa utilizada pelo SUS e Secretaria de Estado de Saúde (SES), as chamadas regionais de saúde.  Entre 19 de maio e 19 de junho, o acumulado de casos na microrregião Belo Horizonte – que engloba a metrópole e mais 12 localidades do entorno – cresceu 239% (ver arte). Já nas demais regionais de saúde do Estado, o salto no mesmo período foi de 499%. Nelas, os diagnósticos positivos passaram de 3,5 mil para 21 mil. Os dados são da plataforma Coronavirus-MG.com.br, que analisa os balanços da SES. No Norte de Minas, a situação é ainda mais dramática. O crescimento no número de casos de Covid-19, em um mês, passou de 700%. Em 19 de maio, 16 cidades da região registravam 98 casos da doença. Em 19 de junho, o dado saltou para 811 em 42 cidades. O número de mortes também disparou de nove para 21, no mesmo período – de seis para 12 cidades. TRAGÉDIA SANITÁRIAPara o infectologista e professor da UFMG Unaí Tupinambás, a pandemia pode durar meses nos municípios pequenos, principalmente os que fazem fronteira com São Paulo e Rio de Janeiro. “A gente tem risco de ter uma onda contínua. Não vai ser só uma primeira onda, vai ficar por muito tempo”, disse. O receio de que os casos se alastrem para a capital e regiões central e metropolitana não está descartado. O infectologista lembra que a doença pode “subir” pelas BRs 040 e 381. “Vai chegando e se espalhando de forma assustadora e preocupante”, afirma. Segundo ele, é preciso rigor para barrar o vírus. Isolamento social, obrigatoriedade do uso de máscara de proteção e fechamento do comércio não essencial são medidas fundamentais. “Tem cidade com academias abertas. Para quê academias? Cultos religiosos têm que ser proibidos. Cada cidade tem uma epidemia diferente, mas é preciso propor regras sanitárias”. Em nota, a SES garantiu que desde o início da pandemia trabalha na construção de planos macrorregionais para identificar leitos existentes e possíveis ampliações. A pasta ressaltou que convidou todos os secretários municipais de saúde e os prefeitos para tirar dúvidas e indicar o planejamento adequado.  “No entanto, a SES-MG destaca que sem distanciamento social é impossível a adequação de qualquer capacidade assistencial”. Na semana passada, o chefe de gabinete da SES, João Pinho, disse que um protocolo para a realização de lockdown em cidades críticas será elaborado. “A gente espera não usar, não é para o Estado todo, mas a gente está desenvolvendo”, afirmou. (Colaborou Christine Antonini)   

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