Conjuntivite deixa a região em alerta

Número de cidades com surto da doença subiu oito vezes em menos de um mês; total de doentes é impreciso

Tatiana Lagôa
Hoje em Dia - Belo Horizonte
10/04/2018 às 19:44.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:16

O aumento dos casos de conjuntivite deixa em alerta o Norte de Minas. Em menos de um mês, o número de cidades com surtos da doença cresceu oito vezes. Dezesseis municípios da região já registraram um salto expressivo dos casos. Em março eram apenas dois, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).

A estatística mais encorpada pode ser reflexo do fato de as prefeituras estarem preocupadas com a situação e mais atentas à notificação –não compulsória. O Estado reforça que a doença é sazonal e os dados podem variar a cada ano.

O número de pessoas doentes no Estado também é impreciso. Cabe às administrações municipais informar apenas os surtos, caracterizados pela elevação repentina das vítimas em uma mesma localidade, seja em ruas, bairros ou instituições. 

Uma mesma cidade pode ter vários surtos. No Estado já são 1.962 em 222 cidades. Belo Horizonte teve a maior incidência, com 321 até o momento. No Norte de Minas, as notificações ocorreram em Montes Claros, Rio Pardo de Minas, Matias Cardoso, Lagoa dos Patos, Jequitaí, Guaraciama, Glaucilândia, Francisco Sá, Espinosa, Coração de Jesus e Capitão Enéias.
 
MONTES CLAROS 
Só em Montes Carlos são 30 surtos. Segundo a prefeitura, já foram registrados 2.800 doentes. O Executivo local lembra que a situação não ocorreu em anos anteriores, o que impede qualquer comparação.

Para a oftalmologista Ariadna Borges Muniz, diretora da Fundação Hilton Rocha, a situação é ainda mais grave do que os números sugerem. Conforme ela, várias pessoas não buscam atendimento médico e, portanto, não entram nas estatísticas. “Às vezes, quando mais de uma pessoa é acometida pela doença na mesma casa, todos usam a medicação anterior, sem consultar o médico”, explica Ariadna, também coordenadora do setor de oftalmologia do Hospital das Clínicas Mário Ribeiro da Silveira. 

A médica reforça o coro de que o número de surtos pode ter relação com a maior notificação. “Como a doença começou a se espalhar, a própria secretaria tem exigido mais esses dados e os municípios têm repassado”.

A infectologista da SES-MG Tânia Marcial afirma que não é possível explicar com exatidão o aumento dos casos. Mas pondera: “Um dos motivos pode ser uma maior sensibilização dos profissionais de saúde para notificação dos surtos”.


Forte calor favorece quadro
Típica de períodos quentes e úmidos, a conjuntivite também pode ter sido contraída por mais pessoas devido ao forte calor e às chuvas intensas dos últimos meses.

“Com chuva e calor, as pessoas ficam em locais fechados. Em áreas de pouca ventilação, a transmissão de conjuntivite virótica tende a ser maior. E neste ano, tivemos mais chuvas, o que forçou que a situação ocorresse mais vezes”, explica o coordenador médico da Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte, Wagner Batista.

A Secretaria de Saúde informou que desde que os surtos começaram a ser comunicados o Estado encaminhou nota técnica para as regionais com orientações. Além disso, apesar do crescimento, a pasta informou que os dados já teriam apresentado redução nos últimos dias.

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