Cientistas usam o pequi como anti-inflamatório e protetor solar, prevenindo o envelhecimento da pele

Da Redação*
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18/11/2021 às 00:41.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:16
 (leo queiroz)

(leo queiroz)

Produto em abundância no Norte de Minas, que dá sabor a vários pratos, agrega valor à cachaça e gera renda para inúmeras famílias, o pequi ganhou mais uma aplicação. Dessa vez, ele entra como importante ativo em cosméticos, o que demonstra a versatilidade do fruto.

Cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) aproveitam o pequi como anti-inflamatório e protetor solar. Uma destinação criativa e sustentável de aproveitar o fruto, que tem alto índice de descarte na indústria.

Além da alimentação, o óleo de pequi, extraído da polpa e da amêndoa do fruto, já é utilizado na indústria farmacêutica e de cosméticos. Mas, o que sobra do pequi após esse processo, equivalente a 90% do fruto, geralmente é descartado, gerando um desperdício de centenas de toneladas por ano.

No entanto, os pesquisadores da unidade de Assis da Unesp encontraram uma forma criativa, sustentável e barata de aproveitar essa matéria-prima natural. 

Em estudos que começaram em 2016, os cientistas desenvolveram dois novos produtos a partir dos resíduos da fruta: um creme anti-inflamatório e um protetor solar com propriedades antioxidantes, capazes de retardar o envelhecimento da pele.
 
VALOR AGREGADO 
A professora da Unesp em Assis, Lucinéia dos Santos, cita as vantagens dessa descoberta e destaca benefícios que o aproveitamento das sobras do pequi vai proporcionar.

“A oferta do fruto é grande e o custo é baixo”, aponta a pesquisadora. Além disso, ela destaca o fato de que essa nova aplicação vai agregar valor ao fruto e, consequentemente, estimular a preservação dos pequizeiros, melhorando ainda as condições socioeconômicas de quem depende do pequi para a subsistência.

Segundo ela, além dos benefícios no campo da cosmética, a economia social das famílias que dependem do fruto também pode melhorar com o aproveitamento desse material de forma sustentável.

Ainda segundo a pesquisadora, os produtos desenvolvidos com o resíduo do fruto apresentaram resultados promissores em testes farmacológicos.

As novidades já foram patenteadas pela Agência Unesp de Inovação e aguardam aprovação da Anvisa para serem comercializadas.
 
O PEQUI
O pequi é o principal produto florestal não madeireiro extraído do Cerrado. Com mais de 3 milhões de plantas produtivas, Minas Gerais responde por 70% da produção nacional do fruto. Em 2019, o volume estadual alcançou pouco mais de 203 mil toneladas.

A comercialização do pequi e seus produtos corresponde a uma parcela significativa do PIB de alguns municípios da região, envolvendo mais de 15 mil famílias extrativistas, que têm na atividade sua principal fonte de emprego e renda.

Um exemplo é o município de Japonvar, no Norte de Minas, onde o extrativismo do pequi faz parte da cultura e da economia local. De acordo com levantamentos da Emater-MG, o município possui quase 2 mil catadores e mais de 160 mil pequizeiros, com a exploração de quase todas as árvores.

Segundo o IBGE, a produção de pequi cresceu 127,9% em 2020. Em valor de produção o acréscimo foi de 122,7%.

*Com Agência Brasil e Epamig


 

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