Campo fértil para banana

Fruticultura cresce no Norte de Minas, apesar da escassez hídrica, com apoio em pesquisas de espécies que demandam menos irrigação

Da Redação*
23/11/2019 às 06:48.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:47
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

O Norte de Minas tem se consolidado como um grande polo de cultivo de banana, responsável por mais da metade da produção da fruta no Estado. O maior volume vem da cidade de Jaíba, mais precisamente do projeto Gorutuba. Na região são produzidas 426 mil toneladas anualmente.

Nas últimas duas décadas, o crescimento da área plantada foi superior à média estadual, passando de 9,25 mil hectares para cerca de 17 mil hectares. Estima-se que a cadeia produtiva da banana gere cerca de 12 mil empregos diretos e 35 mil indiretos na região, que concentra sete dos dez maiores municípios produtores.

O terreno fértil para essa cultura se torna rico também para a realização de pesquisas. Um dos desafios atuais é reduzir o consumo de água na irrigação, especialmente com a baixa do rio Gorutuba após período de forte estiagem.

Neste cenário, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em parceria com outras instituições, tem atuado na busca de melhores formas de cultivo, manejo e irrigação.

A chefe geral da Epamig Norte, Polyanna Oliveira, pontua que um ciclo de banana (de 12 a 14 meses) consome, em média, 1,3 mil milímetros de água – uma das medidas de contenção de água é o cultivo das bananas princesa e nanica. 

“Queremos chegar em um ponto em que seja economicamente viável reduzir a quantidade de água usada na irrigação sem perder a viabilidade econômica da produção. Com a banana princesa reduzimos 40% da água na fase de desenvolvimento sem redução da produtividade. Seria uma boa opção para o Norte de Minas”, afirma Polyanna, que também é pesquisadora em irrigação.
 
RENDA
A banana movimenta anualmente cerca de R$ 453 milhões na região. A implantação de novas espécies de bananeiras, como a prata-anã, é um dos diferenciais da produção em Jaíba. A partir daí, muitos produtores viram no cultivo da fruta uma grande oportunidade.

Produtora de bananas desde 1999, Hilda Loschi conta que começou com sete hectares. Atualmente, a área plantada saltou para 70 hectares. De família tradicional no cultivo de frutas, Hilda diz que sempre que surgem questões em que precisa de apoio técnico recorre às pesquisas. “Acompanhamos os trabalhos da Epamig e também levamos demandas que precisam ser solucionadas”, diz. 
*Com Agências Minas e Christine Antonini

Qualidade e diversidade
As pesquisas em bananicultura no Norte de Minas geraram também resultados nas áreas de adubação e nutrição das plantações, desenvolvimento e seleção de cultivares, combate a doenças e pragas, práticas de manejo da planta e do cacho e cuidados pós-colheita.

Tudo isso contribuiu para um cultivo cada vez mais eficiente e com baixo índice de perda, melhorando a rentabilidade do produtor. 

Além disso, pensando em diversificar a produção e ampliar o mercado dos produtores norte-mineiros, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) realizou estudos para o plantio de outros tipos de frutas na região, e já alcançou bons resultados.

“A diversificação é necessária e se abriram possibilidades com lima ácida Taiti, umbu, manga, abacaxi, maracujá e mangostão (ou mangostim)”, aponta a coordenadora do Programa Estadual em Fruticultura da Epamig, Maria Geralda Vilela Rodrigues.
 
LIVRE DE PRAGA
Outro benefício alcançado por esse acompanhamento constante dos pesquisadores na região semiárida foi o isolamento do mal da sigatoka negra.

No começo da década de 2000, o Norte de Minas foi declarado área livre dessa praga. Para garantir a sanidade da produção, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), em parceria com associação de produtores de banana da região, passou a lacrar os caminhões de escoamento.

De acordo com Maria Geralda, a tendência atual é de redução de custos, práticas agroecológi-cas e uso racional de defensivos. “As possibilidades são infindáveis, o que temos a fazer é avaliar as possibilidades de solo e clima, para então trabalhar o manejo”, aponta.

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