‘Boom’ da energia solar em Minas

Regiões Norte e Noroeste aparecem entre as mais promissoras para instalação de “fazendas” geradoras

Filipe Motta
Hoje em Dia - Belo Horizonte
02/03/2018 às 06:13.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:39
 (Divulgação/EDF EN)

(Divulgação/EDF EN)

Já imaginou pagar apenas R$ 48 de reais de conta de luz? Esse é o valor da conta paga por mês pelo treinador Rodrigo Guimarães. Ele faz parte de um pequeno grupo de consumidores que aderiu à energia solar. E faz parte de estatísticas de encher os olhos do mercado. 

O Brasil presenciou um pulo de 356 para 22,7 mil unidades de geração de energia solar autônomas entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2018. É um crescimento de 6.275%, embora o uso da fonte de energia seja muito pequena em comparação a outros países. 

Nesse espectro, o destaque fica com Minas Gerais, principalmente as regiões Norte e Noroeste. O Estado lidera o número das chamadas unidades de geração distribuída. São mais de 4.800 unidades cadastradas, o que equivale a 21% do total brasileiro. Cerca de 40% da energia solar consumida no país é gerada em Minas. 
 
LIDERANÇA 
Segundo dados da Agência Brasileira de Energia Elétrica (Aneel) cinco grandes empreendimentos, as chamadas “fazendas”, já entraram em operação na região Norte, todos em Pirapora. Mais 12 estão previstos para serem instalados na região nos próximos anos, oito com previsão para entrarem em operação ainda neste ano. 

Ao invés de ser usada no local pelos “fazendeiros do sol”, a energia é injetada na rede da Cemig e o valor é convertido em créditos de energia para outras empresas (padarias, restaurantes, escritórios), que compram “cotas” do empreendimento. Essas empresas podem estar localizadas em qualquer cidade abastecida pela Cemig em Minas. “Como cada empresa tem um consumo, não é possível cravar qual o valor irá pagar na parceria, mas a lógica é que, com a adesão, ela tenha 10% de desconto na conta de luz, por mês”, explica Rodolfo Molinari, da Ório Energia. 
 
SOL DEMAIS
Alguns fatores ajudam a explicar a proliferação das unidades em Minas em comparação ao restante do país, aponta Marcio Eli Moreira de Souza, engenheiro da Cemig especializado em energia solar. “Minas foi o primeiro Estado a dar o retorno do ICMS para quem opta pelo uso de energia solar. Mas não é só. O Estado tem radiação solar em níveis elevados. Um sistema de 1 quilowatt em Minas gera 20% a 25% a mais do que em São Paulo. O outro fator é a tarifa comum de luz, que em Minas é mais alta que em outros Estados”, afirma.

Como o preço da energia solar vendido é mais barato do que da comprada, essa isenção do pagamento do ICMS acaba compensando a diferença na conta. Estados como o do Paraná não contam com o benefício.

Por outro lado, a necessidade do pagamento de uma tarifa mínima para a concessionária, mesmo que consumidor “zere” a diferença entre o que ele produz em casa e o que consome da rede externa, ainda é um entrave que merece ser superado, avalia o consultor do setor elétrico Roberto D’Araújo. 

É o caso do treinador Rodrigo Guimarães, que implementou as placas em casa há três meses. “Pago R$ 48 por mês à Cemig, incluindo aí a taxa de iluminação pública. Mas como tenho produzido mais que consumido da rede, ainda gero um bônus com a empresa, que posso resgatar em até cinco anos”, explica.

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