Após 1º caso de reinfecção no país, alerta é para quem teve Covid manter cuidado

Marina Proton e Cinthya Oliveira
Hoje em Dia - Belo Horizonte
11/12/2020 às 00:34.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:16
 (SECOM/Salvador)

(SECOM/Salvador)

Quem achou que uma vez infectado já estava livre do novo coronavírus vai ter que redobrar a atenção. Especialistas alertam que o primeiro caso de reinfecção no Brasil, no Rio Grande do Norte, reforça a necessidade de se manter os cuidados para evitar contrair novamente a doença, principalmente porque um segundo diagnóstico pode ser ainda mais grave. 

Em Minas, 15 notificações de reinfecção são investigadas. Na capital, a prefeitura analisa sete relatos.

Pelo protocolo, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) considera suspeitos aqueles em que a pessoa apresentou novo quadro clínico após 90 dias do primeiro episódio confirmado laboratorialmente. 

“O fato de já ter contraído a doença não muda em nada os cuidados que devem ser tomados. Não sabemos quanto tempo a imunidade dura, depende de cada organismo. Ter tido o vírus não torna a pessoa um super-homem, ela continua correndo riscos e a prevenção continua necessária”, afirma o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Estevão Urbano.

O especialista, que também faz parte do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 de BH, avaliou, ainda, que a reinfecção pode ser mais severa em alguns doentes. “Além disso, já foi comprovado que não dá para garantir que quem já teve vai ficar imune por mais tempo ou por um período pequeno. Por via das dúvidas e pelos relatos, é preciso manter a proteção individual para proteger a si e aos outros”, orientou. 
 
ATITUDE CONDENADA
Porém, não é o que se vê por aí. É comum encontrar pessoas sem máscara nos espaços públicos, sob a alegação de já ter testado positivo para a enfermidade. 

A atitude é condenada por médicos, que alertam para o risco de disseminação já que, principalmente no início da pandemia, os testes rápidos para detectar o vírus tinham baixa confiabilidade. Para os especialistas, muitos pacientes que acreditam terem contraído Covid-19 podem ter tido um resultado falso positivo e ainda estarem suscetíveis a contrair e transmitir a doença. 

“A positividade pode ter sido por infecção de outro vírus, uma reação cruzada. Essa incerteza faz com que as medidas de proteção precisem ser universais”, reforça Reginaldo Valácio, da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.

Segundo ele, o exame mais confiável para atestar a Covid-19 é o RT-PCR, que verifica o vírus nas vias aéreas do paciente. “Nesse caso, é muito difícil dar falso positivo, é mais comum o falso negativo, especialmente quando é realizado fora da janela (primeira semana de sintomas)”, explicou o clínico. 

Pneumologista e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Júlio de Abreu afirma que um indício de que muitas pessoas tiveram um resultado falso positivo é o aumento de relatos de uma possível reinfecção. Para ele, muitas delas acreditam que tiveram Covid pela segunda vez mas, na verdade, foram infectadas por outro vírus quando do primeiro exame. “Por isso que surge essa onda de (supostas) reinfecções”.

SAIBA MAIS
Estudos sobre a imunidade que o corpo adquire após contato com o novo coronavírus são realizados em várias partes do mundo. 

No Brasil, o Instituto Butantan comanda uma pesquisa nacional para avaliar a dinâmica da infecção e a permanência da imunidade em pacientes que contraíram a Covid-19. Ao longo de 18 meses, serão acompanhadas, em 11 cidades brasileiras, 3.520 pessoas. 

A UFMG participará do levantamento acompanhando 357 moradores de Belo Horizonte. Os participantes foram selecionados por meio de sorteio, em 30 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da capital. 

O monitoramento será feito mensalmente, por meio de teste rápido que detecta o vírus. A cada 90 dias, as equipes da universidade, formadas por enfermeiros e estudantes do curso de Enfermagem, coletarão o sangue dos participantes para uma avaliação mais completa do sistema imune.

Além da metrópole, a pesquisa ocorrerá no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Sergipe, Roraima, Rondônia, do Rio de Janeiro, Ceará e Mato Grosso.

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