Alunos poderão ter férias antecipadas no Norte de Minas

Sem dinheiro para custear transporte escolar, prefeitos avaliam possibilidade de concluir ano letivo mais cedo

Christine Antonini
O Norte - Montes Claros
10/11/2018 às 06:50.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:46
 (AMAMS/DIVULGAÇÃO)

(AMAMS/DIVULGAÇÃO)

O ano letivo nas escolas públicas municipais pode ser encerrado ainda neste mês em diversas cidades do Norte de Minas, devido à suspensão do transporte escolar dos alunos por falta do repasse de recursos do governo mineiro.

Vários municípios não têm mais dinheiro em caixa para manter o serviço e uma das saídas apontadas pelos gestores na última reunião na Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams) é antecipar as férias escolares.

A proposta foi apresentada e os prefeitos têm até segunda-feira para se posicionarem sobre essa decisão que vai impor enorme prejuízo para os estudantes.

Além disso, está sendo organizada uma manifestação na BR-251 e uma paralisação dos serviços municipais por dez dias para chamar a atenção da população e do governo do Estado para a situação financeira caótica das prefeituras.

De acordo com a Amams, algumas prefeituras da região ameaçam fechar as portas, pois não têm dinheiro em caixa para continuar funcionando.

A dívida do Estado com os municípios mineiros ultrapassa R$ 9,7 bilhões. Nesta semana, pelo menos 50 cidades da região decretaram situação de calamidade financeira.
 
SEM DINHEIRO
As cidades de Januária, Itacarambi, Montezuma, Janaúba, Varzelândia e Catuti já confirmaram que terão que parcelar a folha e que não têm dinheiro para pagar o 13º salário dos servidores.

A prefeita de Varzelândia, Valquíria Cardoso (MDB), teve que suspender o transporte escolar, pois os fornecedores não quiseram mais prestar o serviço devido à falta de pagamento. São 2 mil alunos na rede municipal de ensino. A prefeitura deixou de receber R$ 8,5 milhões do Estado. Cada família tem que dar um jeito de enviar o filho para a escola.

“Mantivemos até onde demos conta. Utilizamos todos nossos recursos próprios, negociei com os fornecedores, mas chegou uma hora que não deu mais. Fiz uma reunião com o Conselho do Fundeb e com os vereadores para esclarecer a situação. A população deve ser sensível e entender o caos que estamos vivendo”, pontua a prefeita.

Em São João do Paraíso a situação é a mesma. Os alunos poderão entrar de férias antes do tempo. A prefeita Mônica Cristine Mendes (PMN) pede a união das prefeituras para mostrar ao Estado e à população que a crise financeira está afetando todos os municípios.

Para o prefeito de Novorizonte, Arley Costa (PR), os municípios precisam intensificar as campanhas de comunicação interna e externa para mostrar aos moradores a realidade enfrentada pelos gestores e de quem é a responsabilidade pela crise.

Em Catuti e Janaúba, os líderes do Executivo vão se reunir com a comissão técnica de educação para verificar a possibilidade de encerrar o ano letivo ainda neste mês.

Somente em Janaúba são 5.800 alunos. Nem todos utilizam o transporte escolar, mas as aulas devem ser encerradas de forma antecipada para todos.

Pelo menos 400 alunos utilizam o ônibus escolar em Matias Cardoso. O prefeito Edmárcio Leal (PSC) admite a conclusão do ano letivo mais cedo.

“A dívida é de R$ 240 mil. Começamos o ano letivo mais cedo em janeiro e em julho também. Além disso, suspendemos alguns feriados, como a semana do professor, para que os alunos não fossem prejudicados”.

Os 16 municípios que compõem a região da Serra Geral de Minas também discutem a possibilidade de encerrar o ano letivo em 7 de dezembro. A decisão final será apresentada na segunda-feira, no auditório da Amams.

A Secretaria de Estado de Educação foi procurada para falar sobre o assunto, mas não retornou até o fechamento desta edição.

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