(MANOEL FREITAS)
Pandeiros, distrito de Januária, abriga um importante bioma em Minas Gerais, com cachoeiras, pântanos e um grande rio, que recebe o nome do distrito e é o principal afluente do São Francisco. Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que o agroextrativismo tem assumido caráter econômico em ascensão na região, no entanto, essa atividade sempre está relacionada às comunidades tradicionais.
No extrativismo ainda persiste, principalmente, o desmatamento de árvores nativas, que são transformadas em lenha – nos últimos dois anos, foram apreendidos 9.331 mil metros cúbicos de lenha.
O agroextrativismo é uma atividade que constitui práticas sustentáveis com baixo impacto ao meio ambiente e alto valor social. As famílias que trabalham com agroextrativismo encontram na atividade uma oportunidade de gerar renda extra, além das atividades agrícolas convencionais. A pesquisa, que faz parte de um projeto Fapemig, foi desenvolvida durante o mestrado da engenheira agrônoma Yara Gusmão, que concentrou os estudos no povoado de Cabeceirinha, a 120 quilômetros da cidade de Januária, dentro da área de proteção ambiental do rio Pandeiros.
A comunidade é habitada por agricultores familiares e nela há abundância de recursos naturais, pois, além do rio Pandeiros, existem muitas veredas e áreas embrejadas. Essa região contém espécies nativas de frutos como coquinho, pequi, cabeça-de-negro, araçá, buriti, cajuí e maracujá-do-mato, entre outras. Há ainda variedades de plantas de uso medicinal.
“Esses povos utilizam os recursos naturais como alimento, medicamento e para fins de moradia ou produção de utensílios domésticos e, mais recentemente, como fonte de renda. Dependendo da importância dos recursos para essas populações, aumenta por parte delas a consciência e a prudência em relação à exploração dos mesmos”, explica a pesquisadora, que é mestre em Sociedade, Ambiente e Território.
Atividades como agroextrativismo, além de assegurar a soberania alimentar da população, possibilitam que os agricultores produzam de forma sustentável e consigam transformar os recursos naturais em renda.
ENTRAVES
A pesquisa mostrou que a emancipação econômica dessas comunidades ainda não é possível devido à falta de mobilização dos agricultores, uma vez que o pagamento pelos produtos não é feito no mesmo dia da coleta. É necessário esperar meses até que a venda seja feita.
Outro ponto que desmotiva os produtores são as más condições das estradas que dão acesso à zona urbana.
“O agroextrativismo no município de Januária é uma atividade com enorme potencial, porém, ainda são necessárias políticas de apoio e assistência a esses grupos de pessoas dispostas a trabalhar, mas que precisam que esse trabalho seja reconhecido e recompensado”, conclui a pesquisadora.