Benjamim Oliveira Júnior
Corespondente
JANAÚBA – O deficiente visual de Janaúba e de cidades vizinhas está conquistando, gradativamente, o seu espaço perante a sociedade e com isso colocando de lado o anonimato. Essa conclusão é do presidente da Adejan – Associação dos Deficientes de Janaúba, Miguel Joaquim Barbosa, para quem a situação inverteu-se.
- Hoje é a sociedade que se deve adequar à vida dos portadores de necessidades especiais - citou.
É comum encontrar deficientes visuais pelas ruas da cidade, ora sozinho ora acompanhado pelo presidente da Adejan, que perdeu a visão aos 18 anos de idade. Eles ainda encontram dificuldades diante da pouca quantidade de rampas em calçadas, além da obstrução dos passeios pelas cadeiras, mesas e mercadorias.
- Algumas pessoas têm se conscientizado em liberar a calçada, porém há ainda um número considerável que desrespeitam o Código de Postura, infelizmente - comentou Miguel Barbosa.
A Adejan foi uma das primeiras instituições na região a implantar a inclusão social de maneira a impor a cidadania para os portadores de necessidades especiais. Em pouco tempo de atuação, a associação instruiu 46 deficientes visuais, dentre eles pessoas oriundas da cidade de Espinosa, distante 170 quilômetros, na divisa dos estados Minas e Bahia, e que praticamente ficavam em casas por não ter acompanhamento.
BICICLETA E FACULDADE
A deficiência visual é hereditária na família de Miguel Barbosa. Ele conta que andou de bicicleta pela última vez quando tinha 17 anos, no ano seguinte perdeu a visão. Outros dois irmãos do presidente da Adejan também são deficientes visuais. Uma irmã de Miguel, que perdeu a visão por degeneração hereditária, tem se esforçado no estudo e recentemente foi aprovado em vestibular. Ela cursa o 3º período de Letras. O próprio Miguel não se abateu e estudou por 6 anos em Juiz de Fora, prestou concursos públicos e é hoje uma referência na orientação dos deficientes do Norte de Minas.
- Nós estamos oferecendo a nossa classe o direito de ir e vir, nos municiando de segurança própria para enfrentar a vida, seja no trabalho, na família ou no convívio com os amigos - declarou o presidente da Adejan, entidade que presta orientações básicas e técnicas de locomoção, ensinamento da leitura em braile e do trabalho da auto estima dos deficientes.