Índia Xakriabá é exemplo de luta e mobilização na região

Eni de Oliveira tem conseguido levar estruturas às aldeias para que possam gerar renda e melhorar a qualidade de vida da comunidade

Christine Antonini
O NORTE
13/10/2020 às 23:19.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:47
 (Emater)

(Emater)

Povos indígenas da região de São João das Missões têm conquistado muitas benfeitorias nos últimos anos graças à atuação de uma mulher, da etnia Xakriabá, que vem sendo considerada um exemplo de liderança.

Está no sangue de Eni Ferreira Leite de Oliveira o espírito de guerreira, sempre em busca do melhor para a comunidade onde vive. Aos 49 anos, a índia da etnia Xakriabá – um dos poucos grupos indígenas que ocupam Minas Gerais – se destaca em conquistas para aldeias na região de São João das Missões, conseguindo, ao longo dos últimos 15 anos, obter várias melhorias e benefícios para seu povo. 

As aldeias ocupam 53 mil hectares, com uma população estimada de 11 mil pessoas, a maioria, mulheres. Por meio do trabalho coletivo e diário, principalmente através do associativismo e do envolvimento das comunidades, foi feito o cercamento de três nascentes e o desenvolvimento de um projeto para geração de renda: a obtenção de uma despolpadeira e de uma casa para abrigar o equipamento.

A máquina é usada para extração de polpas das frutas nativas e cultivadas, que são usadas para a fabricação de sucos. Por enquanto, o produto é destinado aos moradores da reserva, mas a ideia é comercializar o suco e introduzi-lo na merenda escolar, assim que conseguirem a certificação.

“Penso em organizar uma feira aqui no território e comercializar a produção local para as pessoas da cidade. Isso ajudaria muitas famílias daqui. Antes da pandemia, os consumidores vinham aqui para comprar. O povo de fora é o que mais compra”, pontua a indígena, que agora busca a doação de um caminhão-pipa para atender famílias que necessitam de água. 
 
TRATOR
A doação de um trator para os agricultores das comunidades foi outra conquista de Eni, após uma grande batalha junto aos moradores. A máquina está sendo de grande utilidade nas lavouras, destaca a líder indígena, que também ajudou a criar um viveiro de mudas frutíferas e de plantas do Cerrado para implantar pomares nas escolas da redondeza. As ações contaram com apoio da Emater, junto à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). 

“Eu via os problemas das pessoas daqui, sabendo que muitas não tinham a quem recorrer. Então decidi que iria lutar por elas. Comecei primeiro na Pastoral da Criança, depois fui para a associação e não vou sair, por enquanto, pois isso aqui é só o começo. Precisamos de muito mais e por isso continuo”, destaca. 

DEDICAÇÃO
O significado do nome Eni define bem a história dessa mulher: graça, que tem a conotação de dádiva ou oferta divina. Eni tem 49 anos, é casada, mãe de sete filhos com idades entre 9 e 30 anos e avó de uma menina de 3 anos. 

Ela atua em oito aldeias, representadas pela Associação da Aldeia Riacho dos Buritis e Adjacências. E nem poderia ser diferente, afinal, ela foi presidente da entidade por quatro anos e tesoureira durante outros 11. Também esteve no Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) e atualmente ocupa o cargo de vice-presidente da associação, além de participar do Conselho Municipal de Cultura.

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