O Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), subordinado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), aprovou por unanimidade, na quinta-feira, moção ao governo do Estado pela criação urgente do Parque Estadual de Botumirim.

O decreto para que a área de 36.188 hectares, no Vale do Jequitinhonha, seja transformada em unidade de conservação já foi fundamentado tecnicamente e encaminhado ao governador de Minas, Fernando Pimentel.

A proposta da moção foi apresentada pelo biólogo Miguel Andrade, representante da PUC-Minas e membro do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, ligado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Para fundamentar a moção, o Copam levou em conta as riquezas naturais do município, as recomendações do Atlas de Biodiversidade de Minas – segundo o qual Botumirim “é possuidor de indicadores de alta e extrema importância ambiental” – e ainda o fato de ser, entre as unidades de conservação previstas, a que tem menor conflito de ocupação.

A área possui apenas 17 propriedades, o menor grau de ocupação em 30 anos de criação de unidades pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF). Além disso, não há conflitos agrícolas, pois a região não é produtora de alimentos nem de criação de animais, porque toda a área é arenosa e pedregosa.

Pesou igualmente na posição do Copam o fato de o cerrado na área proteger mananciais importantes.

Mobilização tem 18 mil assinaturas
O Instituto Grande Sertão, com sede em Montes Claros e responsável pelos estudos que definiram a área do Parque Estadual de Botumirim, iniciou ontem uma mobilização para pedir o apoio de deputados estaduais votados na região em favor da unidade de conservação na Serra do Espinhaço.

Um abaixo-assinado já recolheu mais de 18 mil assinaturas em todo o país. O parque vai englobar, além das campinas do Bananal, Maracujá e São Domingos, uma região de terreno brejoso conhecida como Vereda da Estiva, com rica biodiversidade.

Abrangerá ainda áreas dos rios Ribeirão do Onça e Peixe, onde foi registrado, em 2015, aquele que é considerado o maior feito da ornitologia brasileira das últimas décadas – a redescoberta da “Rolinha do planalto”, a Columbina cyanopis, considerada extinta há 75 anos.