Som na caixa

Música no trabalho traz benefícios como mais concentração, bom humor e produtividade

Patrícia Santos Dumont
24/07/2019 às 06:43.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:40

Não tire conclusões precipitadas ao ver um colega de trabalho com fones de ouvido. Pode não ser alienação ou falta de postura no ambiente corporativo. Mesmo sem saber disso, ao ouvir música enquanto realiza as tarefas que lhe são exigidas ele pode obter mais concentração e, assim, ganho de produtividade.

É o que sugere pesquisa feita por uma empresa norte-americana de streaming. O levantamento mostra que 78% dos colaboradores que ouvem música enquanto trabalham consideram-se mais eficientes nas tarefas.

Especialista em neurologia da cognição e do comportamento, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, Fabiano Moulin atesta os benefícios do hábito. Diz que a música funciona como uma “pílula de bom humor”, espécie de recompensa, que ativa no cérebro sensação semelhante à que experimentamos ao comer chocolate. “Literalmente, estimula o prazer”.

O efeito, a partir daí, ocorre em cascata: mais humor, mais atenção, mais competência e produtividade, diz o especialista, professor titular na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Segundo o neurologista, embora promovam benefícios, as composições devem ser adequadas e compatíveis com a atividade executada – tanto em relação ao ritmo escolhido quanto à intensidade, capazes de blindar o ouvinte dos ruídos externos.
 
BARULHO DE FORA
Não por acaso, 30% dos entrevistados no levantamento disseram que os fones de ouvido eram mais do que uma maneira confortável de escutar a própria trilha sem incomodar o colega ao lado, estratégia também para ocultar e se desvencilhar dos barulhos externos.

“Quando o som é programado e regular, neste caso, a música, torna-se um estímulo positivo. O mesmo vale para o som de um passarinho ou o barulho do ar-condicionado. O contrário, por sua vez, acontece com a conversa dos outros, pela qual acabamos seduzidos. Naturalmente, focamos nela e deixamos de prestar atenção no que interessa”.
 
HÁ 20 ANOS
A administradora Cinthya Chrystiane Fonseca, de 38 anos, sabe bem disso. Há pelo menos 20 anos considera-se viciada em trabalhar com o radinho ligado, embora não faça questão dos fones. “Se por algum motivo ele desconecta do computador e a música para, fico desnorteada, parece que falta algo”, revela a moça, que prefere músicas “calmas”.

O cirurgião-geral Gilberto Eustáquio dos Santos também não dispensa uma trilha sonora quando está em consultório ou sala de cirurgia. Já ficou até conhecido pelo hábito entre os colegas de bloco cirúrgico.

Conta que, antigamente, quando ainda não existiam apps de streaming, revezava entre fitas K7 e o bom e velho rádio. “O ambiente fica leve e todo mundo relaxa – do paciente, que vem estressado de uma noite mal dormida, à equipe de enfermagem. Sem música, fica todo mundo sério e o tempo demora a passar até transcorrer toda a cirurgia”, justifica o profissional, que é fã de músicas instrumentais.

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