Recomeço pelo interior: impactado por pandemia, turismo terá que se reinventar

Tendência é de retomada por destinos mais próximos, que dispensem grandes deslocamentos

Rodrigo Gini
Hoje em Dia - Belo Horizonte
05/05/2020 às 01:45.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:25
 (Manoel Freitas)

(Manoel Freitas)

Hora de ficar em casa e evitar ao máximo os deslocamentos. Viajar então é algo fora de cogitação para grande parte da população mundial, a não ser por necessidade. O que dá uma ideia do impacto da pandemia do novo coronavírus sobre o setor do turismo. Desde que a Covid-19 começou a se espalhar pelo planeta, países começaram a proibir a entrada de estrangeiros, companhias aéreas limitaram os voos por falta de demanda e muitos hotéis preferiram suspender as atividades. E por mais que a expectativa comum seja de passar pelo momento sem precedentes, muitas dúvidas persistem. Como será o turismo daqui em diante?

Para a professora Ana Paula Guimarães, do curso de Turismo do Instituto de Geociências/UFMG, a incerteza envolvendo a pandemia dificulta prever com exatidão a resposta do setor.

Ela identifica, no entanto, algumas consequências bastante prováveis. “Durante um bom período as pessoas tenderão a procurar destinos mais próximos, que não exigem longos deslocamentos em meios de transporte como avião ou ônibus. O que é muito bom para o turismo local, além de gerar divisas para o próprio país”, explica. 

Para ela, haverá mudanças em procedimentos do transporte aéreo. “Assim como o 11 de setembro criou um novo paradigma para a segurança, a pandemia vai levar as empresas a adotar formas de higienização mais abrangentes, incluindo as bagagens. E é muito provável que, tão logo se descubra uma vacina para o coronavírus, muitos países, se não todos, passem a exigir a imunização para permitir a entrada”, avalia a professora.

NOVOS DESTINOS
Ana Paula acredita que, uma vez superados o risco elevado de contágio e as restrições em países e cidades, o fluxo turístico tenda a se retomar. Mas acredita em desdobramentos. “Pode ser o caso de novos destinos turísticos se popularizarem. Além disso, o momento dá a destinos muito populares a possibilidade de repensar sua atividade. Muitas vezes, a presença maciça de turistas interfere nos preços da moradia, traz também impacto negativo a alguns locais”.

 Agências de viagens confiam em ajuda e vocação para superar fase

O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens em Minas Gerais (Abav-MG), Alexandre Xavier Brandão, compara os efeitos da pandemia a um tsunami sobre o setor. 

“Para nós é um cenário catastrófico. Dos 950 a 990 voos semanais em Confins, agora são 60 ou 70. E diferentemente das empresas aéreas, que em muitos casos serão ajudadas pelos governos nacionais, nós estamos na ponta e dependemos muito do crédito. Algumas medidas provisórias do governo já contemplaram o turismo, como a da política de reembolsos e a possibilidade de reduzir ou suspender contratos de trabalho, mas o crédito é a parte mais difícil. Estamos na expectativa de ações nesse sentido, inclusive por parte do Congresso Nacional”, diz.
 
CAMPANHA
Ele comemora a tendência mostrada pelos passageiros de remarcar, e não cancelar as viagens – estima em 80% a 85% a proporção de quem tem apenas adiado os planos. E promete para o mês que vem uma campanha envolvendo as principais entidades do setor em Minas para oferecer o Estado como destino e iniciar a retomada. 

“O número de casos da Covid-19 em Minas felizmente é mais baixo, e nós temos inúmeras opções turísticas. Temos pesquisas que mostram que, num primeiro momento, as pessoas vão buscar locais num raio de 300 quilômetros, onde possam ir até mesmo de carro. Será um passo inicial, à espera de uma maior normalidade”, completa.

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