Apuração rápida dos crimes, integração entre as forças de segurança e o apoio do poder público. Esses três fatores foram considerados fundamentais para que Araxá, no Triângulo, e Conselheiro Lafaiete, na região Central de Minas, ficassem entre as dez cidades brasileiras mais pacíficas, segundo o Atlas da Violência 2017, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento considerou localidades com mais de 100 mil habitantes.
Na quinta posição no ranking, Araxá é reconhecida como a maior produtora de nióbio do mundo e pelas águas termais que atraem turistas de todo o país. Na época do levantamento do Ipea, em 2015, o município de pouco mais de 102 mil moradores registrou a taxa de 6,8 como o resultado de homicídios + MCVI (Morte Violenta com Causa Indeterminada).
Delegado regional de Araxá, Vitor Hugo Heisler ressalta a dedicação dos policiais para a apuração rápida dos crimes, além da parceria da corporação com a Polícia Militar. Ele afirma que a boa relação com o Ministério Público e o Judiciário agiliza a concessão de medidas cautelares, como mandados de prisão.
Além disso, Heisler destaca o apoio do governo do Estado e da prefeitura na área de pessoal e logística. “O município desenvolve, ainda, um trabalho na educação e na assistência social capaz de ajudar na prevenção, e a Secretaria de Segurança e Cidadania implantou um sistema avançado de videomonitoramento integrado”.
O comandante do 37º Batalhão da PM, que abrange 12 cidades da região, tenente-coronel Fernando Reis pontua que a resolução dos homicídios bate índice superior a 90%. “Seja em prisão em flagrante pela PM ou em decorrência do inquérito policial (Polícia Civil)”, detalha.
Como grande parte dos municípios brasileiros, a criminalidade em Araxá tem, muitas vezes, relação com o tráfico de drogas. Os homicídios que não estão relacionado a esse tipo de crime são passionais.
Já Conselheiro Lafaiete apresentou uma taxa de 8,0 no estudo. O município tem cerca de 125 mil habitantes.
Para a delegada regional Patrícia Bianchete, a apuração intensificada dos delitos foi essencial para que a cidade conquistasse o nono lugar no ranking. Ela revela que o aumento da violência chegou em todas as cidades brasileiras, sendo a maioria dos casos ligado ao tráfico de entorpecentes.
Ela ressalta a importância da parceria com a PM e com a prefeitura municipal, mas quer participação mais ativa da sociedade, relatando os delitos seja pessoalmente ou por meio do Disque Denúncia 181.
Subcomandante do 31º BPM, o major Gledson Bruno Píramo da Silva também aposta no policiamento ostensivo. “É preciso colocar a viatura e os homens adequados nos locais e horários em que haja demanda”.
Participação da sociedade conta
As forças de segurança de Araxá também consideram a participação da sociedade civil, por meio do Conselho Comunitário de Segurança Pública (Consep), fundamental no combate à criminalidade.
Em 2016, a entidade movimentou aproximadamente R$ 3 milhões em recursos provenientes de multas aplicadas pela Justiça, Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) do Ministério Público (área ambiental) e, também, do Fundo Municipal da Infância e da Adolescência (FIA).
Foram desenvolvidas ações em parceria com órgãos governamentais e entidades não governamentais do município. Dentre os programas, destaca-se o Arte na Prevenção às Drogas, realizado nas escolas, desde 2016, com a participação das polícias Militar e Civil, Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (Comad), Maçonaria e outras organizações.
Existe, ainda, a Agenda Comum Intersetorial, grupo formado pela sociedade civil e entidades governamentais. A atuação se dá nos eixos de prevenção ao uso de drogas, segurança no trânsito, prevenção da violência contra a mulher e da violência sexual infantojuvenil e valorização da pessoa idosa.
SAIBA MAIS
Boas notícias
Levantamento da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) aponta que 733 dos 853 municípios mineiros (85,9%) não registraram homicídios no período de janeiro a outubro do ano passado.
Desse total, 27 não tiveram crimes violentos, como assassinatos, tentativas de homicídio, estupro ou tentativa de estupro, roubo, extorsão mediante sequestro, sequestro e cárcere privado.
Em 2016, 597 localidades não notificaram homicídio.