Parteiras têm tradição

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O Norte Montes Claros
27/02/2020 às 09:33.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:46

Na aldeia Itapicuru, Dona Dalvani e o esposo Pedro Nunes da Mota acompanharam a formatura da filha Janaina Gomes da Mota, de 22 anos. Com sentimento de dever cumprido, lembra que batalhou duro nas usinas de cana de açúcar no Pontal (SP) para garantir a ida dos filhos à escola.

“Ganhava por produção e a calça suada, com o mel da cana, se ficasse dois dias sem ser lavada, endurecia que chegava a ficar de pé”, conta, acrescentando que, para Janaína completar o curso precisou vender parte da pequena criação de gado “até que Deus ajudou a saiu a bolsa”. Em seu TCC, Janaína abordou o tema “artesanato, sustentabilidade, conhecimento e desafios”.

“Ajudam na renda familiar, além de ser uma forma de resistência, porque quando saímos para lutar sobre os nossos direitos, é ele que nos acompanha e se torna uma forma de mostrar presença aonde chegamos”. 

Líder da Aldeia Sumaré, Levino Gomes de Oliveira, 71 anos, disse que antigamente o conhecimento era passado com a contação de histórias de pai para filho. “Nossos pais sentavam na boquinha da noite e a gente fazia uma roda para ouvir as histórias. Mas a mudança veio. “Hoje temos para fortalecer ainda mais a cultura a presença de índios nas universidades”.
 
TRADIÇÃO 
Aos 34 anos, a índia Maria José Alves da Cruz Mota, da aldeia Barreiro Preto, apresentou o estudo “O Nascer Xakriabá, saberes e práticas tradicionais e científicas sobre o parto”.

 Da Aldeia Barreiro Preto, revela que o tema representou uma experiência especial pra ela. Maria José perdeu quatro filhos antes de dar à luz ao menino hoje com um ano e meio.

Durante a pesquisa, entrevistou dona Inês Corrêa Franco, 86, parteira mais antiga do Povo Xakriabá, que já perdeu a conta dos partos realizados, mas não dos próprios filhos que teve: 10. “Todos vindos ao mundo por parteiras e graças a Deus vivos até hoje”, ressalta, defendendo que o parto em casa é melhor “porque as mulheres são mais bem cuidadas que em hospitais”.

Os estudos de Maria José Alves revelaram que na aldeia Caatinguinha as mulheres têm como tradição ter os filhos em casa, com parteiras, por vergonha de ir ao médico. Somente dispensam os serviços e conhecimentos das parteiras se a gravidez for considerada difícil, de risco. 

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